O Esquenta Afrogeek, realizado em julho, uma iniciativa da Fundação Abrinq por meio do Projeto Coletivos, aqueceu as periferias de São Paulo para o encerramento do Afrogeek, que acontece nos dias 30 e 31 de agosto, na Casa de Cultura de Parelheiros.
Por intermédio do Esquenta Afrogeek, a Fundação Abrinq conectou cinco coletivos das zonas Norte, Leste e Sul da cidade, criando uma rede de trocas culturais. Oficineiros do RPG & Cultura, coletivo que idealizou o Afrogeek, percorreram diferentes territórios levando oficinas, formações e experiências lúdicas para crianças e adolescentes.
O RPG, sigla em inglês para Role-Playing Game, ou jogo de interpretação de papéis, é uma atividade em que os participantes assumem personagens e constroem histórias coletivamente, estimulando criatividade, cooperação e pensamento estratégico. Essa ferramenta, somada a outras práticas lúdicas, preparou o público para o campeonato que integra a programação do Afrogeek e, principalmente, fortaleceu vínculos entre coletivos e ampliou o acesso à cultura geek nas periferias.
Afrogeek: quando ancestralidade e cultura geek se encontram
Contemplado pelo Edital de Apoio à Cultura Negra, o Afrogeek iniciou em março de 2025 e vem fortalecendo a cultura periférica. O evento propõe misturar linguagens geek com a ancestralidade africana, oferecendo jogos de tabuleiro ancestrais como o Owaré Mancala, de mais de 5 mil anos; Swordplay, atividade desportiva e recreativa que simula batalhas medievais com espadas e capoeira, unindo luta, ritmo e estratégia; histórias autorais de RPGs utilizando o sistema Mojubá; desfiles de cosplay ancestral; além de oficinas de artesanato e identidade cultural.
A proposta é educar de forma criativa, mostrando que jogos, quadrinhos e cosplays também são ferramentas de aprendizado e representatividade. “É fundamental que jovens da periferia se vejam representados, seja por heróis ou culturas nos jogos. Queremos difundir ideias e culturas diversas para criar algo novo a partir delas”, afirma Vinicius de Brito Sippe, gestor de comunicação do Coletivo RPG & Cultura.
Impacto social e futuro
O Esquenta Afrogeek já deixou marcas importantes. Segundo Sippe, “levamos nossas ideias a pessoas que nunca tinham tido contato com RPG ou Swordplay, formando multiplicadores que perpetuam nosso movimento nas comunidades.”
A experiência do Esquenta Afrogeek foi essencial para esse alcance. Só em 2025, mais de 250 atividades foram realizadas em Centros para Crianças e Adolescentes (CCAs), atendendo mais de 1.700 crianças e adolescentes. A partir dessa união, surgiu também o movimento Jardim, que atua de forma contínua em CCAs, Centros de Juventude e espaços sociais.
O encerramento do Afrogeek promete ser uma celebração coletiva, com atividades das 12h às 18h, reunindo diversão, aprendizado e pertencimento. A expectativa é que a iniciativa continue abrindo caminhos para que a cultura geek seja cada vez mais inclusiva e acessível, transformando a vida de crianças, adolescentes e comunidades inteiras.