Durante a gestação, um novo corpo se forma, um coração aprende a bater e uma mulher descobre dentro de si uma força que talvez nunca tivesse percebido antes. A Fundação Abrinq por meio do Programa 1000 Dias, atua justamente para acolher esse momento e investir no cuidado de mães e bebês. Voltado para o período que vai da concepção até os dois primeiros anos de vida da criança, o programa tem como objetivo atuar para o desenvolvimento saudável de aspectos fisiológicos, cognitivos e emocionais do bebê que vão impactar até a sua vida adulta.
Esse intervalo de mil dias, que soma 270 dias da gestação, 365 do primeiro ano e 365 do segundo, é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma janela única e determinante de oportunidades. É quando se formam as bases para todo o desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo da criança. E é justamente aí que o Programa 1000 Dias atua: com informação, acolhimento e formação.
Grupos que acolhem, informam e fortalecem
Nos municípios de Curvelo – MG, Registro e Cajati – SP, a Fundação Abrinq deu origem aos grupos de gestantes, que se tornaram espaços de troca, aprendizado e fortalecimento. Desde setembro de 2024, 1.138 profissionais de saúde e educação já participaram das capacitações promovidas Fundação, tornando-se “embaixadores do programa”. Esses profissionais recebem formação contínua e multiplicam o conhecimento ao grupo de gestantes dentro das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), conduzindo os encontros mensais e fortalecendo a importância de uma rede integrada de cuidado para o desenvolvimento infantil.
Nos encontros, as gestantes conversam sobre pré-natal, aleitamento materno, cuidados com o recém-nascido e direitos durante o parto. Com o tempo, mulheres que chegam tímidas e inseguras passam a se sentir mais confiantes, informadas e conscientes de seus direitos. As gestantes também recebem enxovais, um apoio que contribui para o cuidado e o bem-estar durante a gestação.
O grupo de gestantes fortalece o vínculo da comunidade com as unidades de saúde, especialmente em um contexto pós-pandemia, quando muitos grupos haviam se desfeito. Atualmente, os grupos alcançam cerca de 585 gestantes. Em Minas Gerais, há 24 grupos ativos, um em cada UBS, e no Vale do Ribeira, em São Paulo, mais de 30 grupos se reúnem em Registro e Cajati.
Sofia Barbosa, enfermeira da rede municipal e integrante do grupo de gestantes, em Curvelo – MG, atua na zona rural e conhece de perto os desafios e as conquistas do trabalho com as futuras mamães. Com sensibilidade e dedicação, ela destaca a importância de adaptar as ações à realidade de cada comunidade, garantindo que nenhuma mulher deixe de receber acolhimento e orientação durante a gestação.
“Eu, por exemplo, trabalho numa zona rural. São várias localidades que eu atendo. Então, a minha equipe tem uma rotina bem diferente da cidade. A gente costuma unificar alguns temas para que as gestantes venham só uma vez, e, assim, conseguimos abordar dois ou três assuntos num mesmo encontro. Isso ajuda a ampliar o horário e garantir a participação delas, porque, se fosse todo mês, talvez muitas não conseguiriam vir”, explica.
Segundo Sofia, o esforço conjunto tem trazido resultados animadores. “Em alguns lugares, a participação já melhorou muito. Na zona rural, por exemplo, conseguimos alcançar 70% das gestantes. E o mais importante é ver como o trabalho tem se tornado cada vez mais integrado: profissionais da nutrição, psicologia, fonoaudiologia e fisioterapia também participam dos encontros, dependendo da temática”, comenta.
O poder da informação que transforma
O conhecimento compartilhado nos grupos muda realidades. Muitas mulheres relatam que, em gestações anteriores, não receberam nenhuma orientação, e agora chegam aos hospitais mais confiantes, sabendo o que podem exigir e o que devem recusar. Essa conscientização contribui para a redução de casos de violência obstétrica, maior adesão ao aleitamento materno e melhoria na saúde dos bebês.
As últimas oficinas também trouxeram temas essenciais ao cuidado com a mãe e o bebê:
- Curvelo – MG: puericultura e automedicação em crianças;
- Registro – SP: trabalho de parto e parto;
- Cajati – SP: automedicação em crianças e uso de medicamentos na gestação.
Até o momento, a Fundação Abrinq, por meio do Programa 1000 Dias, já entregou mais de 100 kits de enxoval e acompanha centenas de famílias. Mas, mais do que números, o que se destaca é o sentimento de pertencimento e transformação. Mulheres resgatam a confiança proporcionada pelos encontros. Elas passam a entender que cuidar de si é também cuidar do bebê. E que a maternidade pode ser vivida com informação, apoio e afeto.
Com duração média de um ano e meio em cada município, o grupo de gestantes atua como um sopro de esperança em regiões onde a informação nem sempre chega com facilidade. A cada bebê saudável, a cada mãe acolhida, confirma-se que os primeiros mil dias são um período essencial para construir futuros mais seguros, saudáveis e afetivos.
Programa 1000 Dias
O Programa 1000 Dias também atua na formação de profissionais de saúde e educação, reconhecendo que o desenvolvimento infantil depende de uma rede integrada de cuidado. As capacitações mensais abordam temas como alimentação saudável, vacinação, estímulos cognitivos, amamentação e prevenção da mortalidade materna e infantil. O foco é atuar em regiões onde esses índices ainda são altos, priorizando territórios mais vulneráveis.
Se você deseja apoiar essa transformação e contribuir para que mais gestantes tenham acesso à informação, cuidado e afeto, é possível fazer sua doação e fortalecer essa rede de cuidado.