
A palavra periferia tem múltiplos significados. Para alguns, ela remete a territórios geograficamente afastados dos centros urbanos, muitas vezes marcados por desigualdades e ausência de políticas públicas. Para outros, ser periférico é viver em comunidade, é resistir e reinventar o cotidiano a partir da criatividade, da solidariedade e da potência cultural que floresce nos becos, vielas e ruas desses espaços.
Não por acaso, “periferia” é uma palavra muito buscada na internet. As pessoas querem entender o que significa, quais sinônimos existem, o que diferencia periferia de subúrbio e, sobretudo, o que é ser periférico. A curiosidade revela algo importante: há uma necessidade coletiva de ressignificar esse conceito, de compreender que a periferia não é apenas um lugar de falta, mas também de abundância. De saberes, de práticas, de histórias que transformam vidas.
É nesse contexto que a Fundação Abrinq anuncia um novo capítulo de sua trajetória com a iniciativa que, até então, era conhecida como Projeto Coletivos. A partir de agora, a ação passa a se chamar Projeto Coletivos Periféricos.
Por que mudar o nome?
O novo nome é mais do que uma atualização. Ele é uma afirmação.
O termo Coletivos Periféricos coloca em evidencia a essência do projeto: apoiar, fortalecer e dar visibilidade a grupos que atuam em territórios periféricos, promovendo cidadania e garantindo direitos a crianças e adolescentes. A mudança de nomenclatura reconhece a identidade desses coletivos e valoriza o contexto em que nascem e se mantêm ativos, muitas vezes em condições adversas, mas sempre com criatividade e compromisso social.
Ao assumir essa identidade, o projeto também se compromete com a noção de pertencimento. Para os grupos que fazem parte da iniciativa, é uma forma de enxergarem seu lugar refletido no próprio nome, de sentirem que suas histórias não estão à margem, mas sim no centro da transformação que a Fundação Abrinq, em parceria com eles, deseja fomentar.

“Nossa parceria com a Fundação Abrinq tem sido fundamental para que a Associação dos Rimadores continue transformando vidas através da arte e da cultura. O apoio financeiro mensal nos permite ampliar nossas atividades e garantir qualidade no trabalho realizado com as crianças, adolescentes e jovens das comunidades. Com essa ajuda, conseguimos estruturar melhor nossos projetos, oferecer oficinas, promover eventos. Mais do que um recurso, esse apoio representa confiança e reconhecimento no nosso trabalho. Estar em um projeto da Fundação Abrinq, que é de nível nacional e uma das maiores instituições voltadas para o bem-estar da criança, trouxe ainda mais credibilidade à Associação dos Rimadores. Nosso objetivo é afastar crianças e jovens do crime e das drogas, e essa parceria mostra que estamos no caminho certo. Para nós, é motivo de orgulho e também um estímulo para seguir firmes, pois agregou muito valor e legitimidade ao nosso trabalho”, relata Samuel da Costa, representante da Associação dos Rimadores, de Curitiba-PR, um dos coletivos apoiados pela Fundação Abrinq, por meio do Projeto Coletivos Periféricos.
O que é “ser periférico”?
Responder a essa pergunta exige olhar para além dos mapas urbanos. Ser periférico é, sim, enfrentar distâncias: da escola de qualidade, do posto de saúde acessível, das oportunidades de emprego, das atrações culturais e de lazer. Mas também é estar próximo de algo que a vida nos centros muitas vezes esconde: a força das comunidades.
Na periferia, vizinhos se tornam família, a rua vira espaço de brincar e de criar, e os coletivos surgem como resposta organizada às demandas urgentes. São grupos que promovem oficinas culturais, reforço escolar, rodas de leitura, projetos de esporte, ações de proteção contra a violência, iniciativas ambientais e muito mais.
Assim, ser periférico não é apenas uma condição geográfica ou social. É uma identidade que reúne resistência, criatividade e a capacidade de construir caminhos onde, muitas vezes, parecia não haver saída.
A trajetória do Projeto Coletivos Periféricos
Criado para apoiar coletivos periféricos que trabalham com crianças e adolescentes, o projeto nasceu com o propósito de fortalecer institucionalmente esses coletivos, oferecendo apoio financeiro, acompanhamento técnico e espaços de troca de experiências.
Desde o primeiro ciclo, realizado em São Paulo, o projeto vem ampliando sua abrangência e chegou a territórios periféricos de diferentes regiões do país, incluindo capitais como Belém, Fortaleza, Curitiba, Salvador, Rio de Janeiro e Cuiabá, além de municípios menores onde a realidade de vulnerabilidade social pode ser ainda mais evidente.
Ao longo dos ciclos, dezenas de coletivos foram beneficiados. Entre eles, iniciativas voltadas para a valorização da cultura afro-brasileira, bibliotecas comunitárias, grupos de artes cênicas, projetos de leitura, práticas esportivas, sarais literários e ações de prevenção à violência. Cada um trouxe consigo uma maneira singular de responder às necessidades de sua comunidade, mas todos com o mesmo fio condutor: garantir oportunidades e ampliar horizontes para crianças e adolescentes periféricos.
O impacto tem sido expressivo. Apenas em 2024, mais de seis mil meninas e meninos foram diretamente atendidos pelos coletivos participantes, tendo suas vidas transformadas.

“É uma alegria compartilhar o quanto a parceria com a Fundação Abrinq fez e faz a diferença na caminhada do Futuro Brilhante dentro do Projeto Coletivos Periféricos. O apoio recebido abriu caminhos, nos trouxe novas ferramentas e possibilitou trocas que enriqueceram nossas práticas e ampliaram o alcance do nosso trabalho com crianças, adolescentes e comunidades. Mais do que apoio técnico, sentimos o incentivo e a confiança para ousar, inovar e acreditar ainda mais na potência coletiva de transformação. Isso só nos motiva e nos enche de esperança motivados e esperançosos, fazendo com que sigamos certos de que juntos podemos continuar construindo oportunidades e fortalecendo a proteção e os direitos de quem mais precisa”, conta Diego Martins, representante do Coletivo Futuro Brilhante, de Belém-PA.
Homenagem a quem construiu essa história
Nenhuma mudança de nome teria sentido se não fosse para valorizar quem ajudou a construir a trajetória do projeto. Por isso, a Fundação Abrinq presta uma homenagem a todos os coletivos que já participaram da iniciativa desde o primeiro ciclo.
Cada nome carrega uma história, uma comunidade, um sonho coletivo. Do Espelho, Espelho Meu, que busca combater o racismo desde a infância, ao Futuro Brilhante, que atua em Belém promovendo proteção e cidadania; da Biblioteca Comunitária do Arvoredo, que transforma a vida de jovens por meio da leitura, ao Sarau em Movimento, que multiplica arte, educação e voz por onde passa. E muitos outros.
Todos esses nomes já se conectavam e agora se unem ainda mais, representando não apenas quem já passou, mas também a força de um movimento que continua crescendo.
Acompanhe os próximos passos do Projeto Coletivos Periféricos
O Projeto Coletivos Periféricos continua crescendo e ampliando sua atuação. Para acompanhar as novidades, os próximos ciclos e conhecer mais de perto a história dos coletivos participantes, acesse o site da Fundação Abrinq e siga nosso perfil no Instagram.
Periferia é potência. E, juntos, seguimos transformando a vida de crianças e adolescentes em todo o Brasil!