Notícias

Saúde mental começa na infância: Setembro Amarelo reforça a importância do cuidado desde cedo

25/09/2025
Crianças sorrindo

O mês de setembro que dá visibilidade à prevenção do suicídio também abre a oportunidade para reforçar que o cuidado emocional deve estar presente em todas as fases da vida, mas é na infância que ele se torna um investimento para o futuro. É nesse começo de vida que se formam as bases emocionais que acompanharão cada criança até a fase adulta.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada sete crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos vive com algum transtorno mental. No Brasil, cerca de 30% dos adolescentes relataram sentir tristeza frequente ou perda de interesse nas atividades do dia a dia, segundo pesquisa publicada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 2023. O dado acende um alerta: falar sobre saúde mental precisa começar cedo, ainda na infância, período que, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), vai do nascimento até os 12 anos incompletos.

Promover ambientes acolhedores, incentivar o brincar, oferecer escuta e respeitar o tempo de cada criança são medidas que podem parecer simples, mas que fazem diferença na construção de trajetórias mais equilibradas.

A infância pressionada

No cotidiano de muitas famílias, a pressa em amadurecer impõe um peso extra aos mais jovens. A chamada adultização, quando crianças e adolescentes assumem responsabilidades, comportamentos ou pressões que não correspondem à sua idade. 

Esse fenômeno pode se manifestar em diferentes contextos: desde a exigência de desempenho escolar sem espaço para o lazer, até situações familiares em que a criança é levada a assumir papéis de cuidado que deveriam caber a um adulto. Cada detalhe retira um pedaço da infância e abre espaço para a vulnerabilidade emocional.

Essa sobrecarga pode interferir na formação emocional das crianças e favorecer o surgimento de ansiedade e estresse ainda na infância. Muitas vezes, sinais importantes acabam sendo vistos apenas como “fases”, o que atrasa o cuidado necessário. Garantir o direito de brincar, conviver e aprender em ambientes saudáveis é parte essencial da promoção da saúde mental desde cedo.

Uma responsabilidade de todos

Falar de saúde mental desde cedo é também falar de pertencimento. A escuta atenta, simples, mas genuína, tem o poder de transformar trajetórias. Para isso, é fundamental fortalecer a rede de apoio, garantindo que crianças e adolescentes tenham acesso a acompanhamento quando necessário. No Brasil, existem iniciativas voltadas para esse público, como os Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSij), criados para oferecer atendimento especializado em saúde mental. Embora ainda seja um desafio expandir a cobertura e garantir que chegue a todas as regiões, o serviço representa um passo importante na estruturação de políticas públicas de cuidado.

As escolas vêm ampliando seu papel no acolhimento das questões emocionais e aparecem como ponto estratégico nesse processo. É nelas que crianças e adolescentes passam boa parte do tempo e onde os sinais de sofrimento podem ser percebidos mais rápido. Projetos que estimulam rodas de conversa, atividades lúdicas e capacitação de educadores para lidar com sentimentos têm mostrado resultados positivos, fortalecendo o diálogo aberto entre famílias, instituições de ensino e profissionais de saúde na ajuda para identificar sinais precoces e a buscar apoio.

Além de evitar desfechos dolorosos, a prevenção significa construir um ambiente de pertencimento e segurança. O Setembro Amarelo, nesse sentido, não se limita a um mês no calendário: é um convite permanente para que toda a sociedade se comprometa com o bem-estar emocional de crianças e adolescentes.

Acompanhe a Fundação Abrinq nas redes sociais