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Especialista fala sobre a saúde mental de crianças e adolescentes durante a pandemia

Lun, 29/03/2021 - 15:01
Especialista fala sobre a saúde mental de crianças e adolescentes durante a pandemia

A pandemia do novo Coronavírus afetou não só a saúde mental dos adultos, mas também das crianças e dos adolescentes. As pessoas não tiveram tempo de se preparar para enfrentar as consequências de uma doença desconhecida. Houve uma mudança na rotina, menos presencial e mais online, como o trabalho home office, as aulas remotas ou mesmo a diversão.

Nestes tempos em que o isolamento social deve ser seguido à risca, crianças e adolescentes estão mais sensíveis a desenvolverem problemas emocionais, muitas vezes, de ordem grave. Quando não tratados, os transtornos que surgem na infância e na adolescência podem representar prejuízos na idade adulta. Assim, a atenção dos pais e responsáveis com a saúde mental de seus filhos  deve ser redobrada para evitar o aumento dos riscos à saúde psicológica, um dos reflexos da pandemia.

Adolescentes gostam de estar em contato com os colegas, da liberdade de ir e vir e de passear, atividades que têm sido bastante limitadas desde março do ano passado em função das regras de isolamento. Mesmo as crianças pequenas manifestam um sentimento de tristeza por não poderem brincar com o amiguinho do prédio ou o coleguinha da escola.

A psicóloga Regina Claudino, voluntária do programa Adotei um Sorriso da Fundação Abrinq,  dá dicas importantes sobre a saúde mental das crianças e dos adolescentes e como ajudá-los durante a pandemia.

De que maneira as crianças e os adolescentes são afetados pela pandemia?

Todos nós fomos, de alguma forma, afetados pela pandemia. Mas, os adolescentes e as crianças estão sofrendo muito mais por conta da imaturidade e pouco conhecimento sobre a vida.

É muito comum, eles se sentirem inseguros e terem pensamentos sobre a morte, principalmente, dos pais e das pessoas queridas, causando a eles uma angústia em razão do medo da perda daqueles que os protegem e oferecem segurança. Isso é muito comum nesta fase que estamos atravessando.

As crianças e os adolescentes têm ficado mais em casa em razão do isolamento social provocado pela pandemia. De que forma o recolhimento é prejudicial à saúde mental?

O isolamento social contribui muito com o aumento da ansiedade em crianças e adolescentes. A falta de espaço para gastar energia, mudança de rotina e a falta de perspectiva para que as coisas voltem a ser como antes, são fatores que influenciam no desequilíbrio psicológico dos pequenos e dos adolescentes, que podem, até mesmo, tornarem-se agressivos ou apáticos.

Quais são os sinais de alerta mais comuns manifestados pela criança e pelo adolescente?

Os pais devem ficar atentos às grandes alterações de comportamento de seus filhos. Nem sempre isso é possível, uma vez que muitos trabalham fora ou em home office e não dispõem de muito tempo para observá-los. Mas, tendo a oportunidade devem observar sinais de mudança de comportamento, como: falta de apetite, apatia, agressividade e conversar muito ou pouco.

É importante ressaltar que pequenas modificações no modo de agir de uma criança ou adolescente são normais neste momento em que vivemos. As mudanças significativas é que devem ser identificadas e tratadas com muito cuidado por parte dos pais.

Uma vez identificados os sinais, quais as ações a serem tomadas pelos pais?

Os pais ou responsáveis devem conversar bastante com seus filhos, participar de atividades e jogos, brincar com a criança quando possível, realizar passeios curtos — evidentemente mantendo os protocolos de higiene e saúde devidos e, ao mesmo tempo, identificar se está com algum problema mais relevante, principalmente se apresentar sintomas de ansiedade generalizada ou depressão.

O recomendado, nestes casos, é procurar a ajuda de um profissional especializado para acompanhamento desta criança ou adolescente.

Qual a sua orientação aos pais e responsáveis que estão vivenciando a pandemia?

Eu oriento que eles não se cobrem muito. Todos estamos passando por momentos difíceis e nenhum pai ou mãe é super-herói. É preciso cuidar de si mesmo e da saúde física e mental. Assim, estará apto a ajudar os seus filhos e as pessoas sob sua responsabilidade.

A pessoa deve levar a vida com leveza, procurar manter o pensamento positivo e o equilíbrio emocional diante desta situação adversa. Como cuidar dos mais jovens se você, pai, mãe ou responsável, não estiver bem e seguro, se é você quem precisa de ajuda.

É preciso cuidar de si próprio e manter um ambiente feliz e saudável, na medida do possível. A sua atitude refletirá a sua volta e na vida de seus filhos também.

Fique de olho ao perceber alguns destes comportamentos diferentes na criança ou no adolescente:

  • Choro excessivo e sem motivo;
  • Crianças normalmente extrovertidas que se fecham ou deixam de conversar;
  • Insônia;
  • Perda de apetite ou compulsão por comida;
  • Irritabilidade e impaciência;
  • Ansiedade;
  • Falta de paciência;
  • Tristeza profunda e/ou depressão.
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