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Equipe da Fundação Abrinq conta sua experiência com o aleitamento materno

Lun, 09/08/2021 - 13:54
Equipe da Fundação Abrinq conta sua experiência com o aleitamento materno

Muito já foi dito a respeito da importância do leite materno e de como ele é o melhor alimento que o bebê pode receber no início de sua vida, pois contém todos os nutrientes necessários para o crescimento saudável, sendo completo para os pequenos.

Neste Agosto Dourado, considerado o mês do aleitamento materno no Brasil, a Fundação Abrinq conversou com os próprios colaboradores que estão vivenciando este momento para entender como eles estão lidando com a prática da amamentação.

Laços eternos

É recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que o bebê receba o leite materno até os 6 meses de vida e o tenha como alimentação complementar até 2 anos ou mais, uma vez que traz inúmeros benefícios para a mãe e o bebê e é um elemento fundamental para o desenvolvimento e vínculo da criança e da mãe.

“É um momento muito especial entre eu e ele. É um vínculo eterno que estabeleci com meu filho, proporcionado pelo aleitamento materno. O meu marido brinca comigo que não é só o Felipe, meu filho, quem se sente bem com a amamentação. Também sinto essa necessidade de estar com ele”, revela Cintia da Cunha, que trabalha na linha de frente de programas relacionados a temática da Saúde e que amamenta o pequeno, hoje com dois anos e seis meses.

Cintia se emociona quando conta que Felipe nasceu prematuro e que a amamentação sempre foi prioridade para ela, até pela sua profissão. “Com o nascimento dele, a amamentação foi um sonho que coloquei em prática. O fato dele ter vindo ao mundo prematuro aumentou ainda mais essa vontade. O início da amamentação foi difícil, pois ele estava na UTI e foi uma luta diária. Mas recebi apoio das enfermeiras que me auxiliavam na coleta do leite durante os dez dias em que ele ficou no hospital”.

Equipe da Fundação Abrinq conta sua experiência com o aleitamento materno
Cíntia e seu filho, Felipe

A amamentação pode chegar acompanhada de surpresas para muitas mulheres. Mães como a Cíntia, que passam pela rotina de visitas diárias do filho prematuro na UTI, experimentam momentos difíceis, como o fato de não poder segurar o bebê nos braços como gostaria ou poder levá-lo para casa a qualquer momento. Situações como estas, tornam o processo de aleitamento materno ainda mais desafiador, no início da vida de seus filhos.

Vínculo de amor

No Marketing da Fundação há quatro anos, Bianca Ruiz, está vivenciando há dois meses, a emoção de amamentar o pequeno Oliver. “O início é um processo dolorido e cansativo, pois o bebê novo requer esse cuidado a cada três horas. Meu peito doeu bastante, no começo, mas é muito compensador”.

Bianca destaca que é preciso paciência e tranquilidade. “Antes, levava um pouco mais de tempo, pois ele era muito pequeno. Agora, a amamentação está mais rápida. É preciso persistência e não desistir na primeira dificuldade”.

As dúvidas, dificuldades e medos, principalmente no início da amamentação, não são poucos. Até quando amamentar, conhecimento a respeito da produção do leite e pega correta estão entre as principais dúvidas das mamães. Muitas mulheres recorrem a serviços especializados, não apenas para entender melhor essa etapa da vida materna, como para adquirir conhecimentos, sejam eles práticos – como a melhor posição para amamentar o bebê, aprendizados sobre colostro, como enfrentar as dores ao amamentar – ou até mesmo informações mais específicas, como uma dieta balanceada para garantir que a criança e a mãe aproveitem ao máximo os benefícios do aleitamento materno.

Experiência semelhante, compartilha Dayane dos Santos, mãe da pequena Joana, também com dois meses. “O começo foi bem difícil. Assim que a bebê nasceu, achei que não teria leite, mas recebi ajuda e orientação lá mesmo no hospital. Quando imaginei que tudo estava bem, após 15 dias, ela começou a ter cólica e a única coisa que a acalmava era o aleitamento, o simples fato de colocá-la no peito. Foi quando uma amiga me indicou a consultora de amamentação”.

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A pequena Joana com seus pais, Dayane e Arthur

Dayane, que também trabalha no Marketing da organização, conta sobre a experiência. “Ela [consultora de amamentação] veio aqui em casa e me explicou que esse tempo que ela ficava não era mamando, mas sim “chupetando” [movimento da boca que o bebê faz no seio materno, sem sugar o leite, também conhecido como sucção não-nutritiva]. O leite para a criança é um analgésico. É um processo natural e à medida que ela foi crescendo foi se tornando mais fácil. O início é difícil, mas fiquei feliz por ter aguentado e não desistido. É um momento único com o bebê, criamos um vínculo com ele que é para a vida toda”.

As jovens mães reforçam a importância da rede de apoio durante o período de amamentação, pois embora elas sejam as protagonistas, as pessoas do entorno possuem um papel fundamental para garantir a qualidade e prolongamento da prática.

“Meu marido me dá todo o apoio quando estou com Oliver, nas minhas necessidades pessoais e nas atividades de casa. Além disso, minha sogra está sempre aqui”, conta Bianca.

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Bianca, o marido Hugo e o bebê Oliver

“A minha família me ajuda muito. Durante o dia, minha mãe e minha irmã me auxiliam nas tarefas de casa. O meu marido me oferece suporte enquanto amamento, seja levando um copo d’água ou com outras necessidades que tenho, principalmente à noite ou de madrugada. Nos finais de semana, a arrumação da casa é por conta dele”, revela Dayane.

A princípio toda mulher pode amamentar. No entanto, em alguns casos ela pode não conseguir ou não se sentir confortável com a prática. Nestes casos é essencial entender que a escolha de realizar ou não o aleitamento materno é da mãe e deve ser respeitada pelo profissional de saúde, familiares e pela sociedade. Caso a mãe opte por não amamentar, um profissional de saúde deve orientá-la sobre as melhores alternativas para o bebê continuar a crescer saudável.

Vozes da experiência

Daniella Martins, responsável pelo Programa Empresa Amiga da Criança, e Juliana Myazawa, captadora de recursos, ambas atuantes na área de relacionamento com empresas da organização, são unânimes ao afirmar que o início do processo de amamentação traz dificuldades, mas a atividade é recompensadora. As duas são adeptas da amamentação continuada, quando o aleitamento é realizado após os 6 primeiros meses da criança.

“A maior dificuldade é sempre a pega do bebê até o leite descer, pois o bebê não consegue sugar o leite, fica com fome e irritado e não sabemos muito bem o que está acontecendo, pois estamos no início do processo e não temos experiência, principalmente no primeiro filho. Tive o apoio de uma consultora de amamentação, após o nascimento da minha filha mais velha. Ela salvou a minha amamentação. A Lara mamou até 2 anos e meio e a caçula, Nina, já está no processo há um ano e meio”, conta Juliana.

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Juliana com as filhas, Lara e Nina, e o marido, Marcelo

“É uma jornada difícil. As minhas filhas sempre mamaram pela manhã, no período da noite, e muitas vezes, a madrugada toda. Nos últimos dias, quase não tenho dormido, pois, os dentes da minha filha mais nova estão nascendo e ela mamou a noite inteira, incomodada com alguma coisa. O leite significa para a criança, o conforto, a segurança, o acolhimento e se sente protegida pela mãe”, ressalta Daniella que amamentou Heloisa, a primogênita, até os 3 anos e, atualmente, Valentina, de um ano e três meses.

Juliana recomenda às mães que têm dificuldade no início do aleitamento a buscarem orientação, bancos de leite e, se possível, uma consultora em amamentação. “Você necessita de alguém que possa te instruir na pega correta do bebê, o que fazer no caso do bico rachado, sobre alguns problemas que podem ocorrer, como mastite, por exemplo e até mesmo na preparação pois, às vezes, a gente aperta o seio de forma inadequada”.

Daniella relata que, após o início difícil, após o nascimento de sua segunda filha, hoje, o aleitamento faz parte da rotina. “Eu e Valentina sabemos exatamente o que temos que fazer, a hora certa e a maneira correta de mamar”. Daniella recomenda procurar ajuda na rede de apoio, consultar o pediatra da criança para tirar as dúvidas. “A mulher se dedica só para isso e realmente não é fácil. Algumas escolhas precisam ser feitas, por exemplo, não é possível tomar os remédios que você gostaria, nem realizar procedimentos estéticos. Mas a recompensa é para a vida toda”.

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Daniella e o esposo Marcos, com as filhas Heloísa e Valentina

Os cuidados do pai e a importância da rede de apoio

Esse processo é de muito aprendizado para a mãe e o bebê, mas a família também tem uma importância muito grande para garantir o bem-estar de todos. Segundo o Ministério da Saúde, o pai tem sido cada vez mais identificado como um importante suporte durante esse período.

Para Hugo Jucelys, responsável pela área de Captação de Recursos com Indivíduos e pai da pequena Catarina, de apenas um mês, existem coisas bem simples que o pai pode fazer como, ajudar na preparação do ambiente. “A mãe está ali amamentando e o braço começa a cansar, coloco uma almofada a mais no braço dela. Quando ela tem sede durante a amamentação, levo água. A bebê, acorda de madrugada para mamar, acordo junto e ajudo oferecendo suporte nas necessidades da minha esposa para que ela possa se dedicar exclusivamente à amamentação”.

O apoio de Hugo é mencionado pela mãe da criança, Relbe Zuliane. “Ele me ajuda em tudo o que preciso. Está sempre perto, na medida do possível. Quando amamento, sinto muita sede, e ele me traz água, ou comida, quando sinto fome. Ele me deixa tranquila para que eu me dedique exclusivamente à Catarina, além de me incentivar a continuar com o aleitamento de nossa filha”.

Hugo também conta que o início não foi fácil. “Para nós dois é algo muito novo ainda. Achávamos que os desafios estavam na gravidez, que amamentar seria relativamente fácil, que seria apenas a mãe ter leite e a criança ter vontade de mamar. Quando ela nasceu, vimos que não era bem assim”.

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O casal, Hugo e Relbe, com a pequena Catarina

“A primeira semana foi a mais difícil. Descobrimos que é normal até os primeiros cinco dias de vida do bebê, a mãe ainda não tem leite suficiente. Até o terceiro dia, estava tudo bem. A partir daí a bebê estava ficando irritada e machucava o peito da Relbe, pois o líquido que saia não era suficiente para matar a fome. Nesse período, ela quase não dormia durante o dia e chorava bastante. Tivemos que recorrer à uma consultora de amamentação e a pediatra. Hoje está tudo bem”, revela, Hugo, demonstrando alívio.

Com atitudes simples, como não deixar de lado a rotina de cuidados da casa e do bebê, a família e os companheiros podem contribuir para aumentar as chances de prolongar a amamentação. Há muito o que pode ser feito:

Atenção à mãe: durante o pré-natal, é comum que os homens estejam mais atentos às necessidades da futura mãe. Com o nascimento do bebê, as atenções costumam mudar o foco para o recém-nascido. É importante que o cuidado seja direcionado aos dois.

Auxílio no descanso: a mãe precisa estar bem descansada para produzir leite. Por isso, é preciso organizar as tarefas domésticas para não sobrecarregar a mulher.

Apoio emocional: nem todas as mães conseguem amamentar com facilidade. É importante compreendê-las e procurar ajuda profissional, quando preciso.

Estar presente: a presença do pai durante a amamentação fortalece os vínculos da família. Por isso, ele deve se esforçar para estar mais presente nessa fase.

O olhar da especialista

Para a Dra. Kelly Oliveira, pediatra e consultora internacional de amamentação, autora do blog Pediatria Descomplicada e colunista do portal Veja Saúde, a rede de apoio é fundamental no sucesso da amamentação. “É tudo para a mãe que amamenta. Quando você tem pessoas ao seu redor que, de fato, apoiam a amamentação da mãe, ela se sente mais segura e amparada. A família pode cuidar de todo o redor para que esta mulher fique mais tranquila e que não precise se preocupar com mais nada que não seja o bebê”.

A especialista esclarece que o pai pode fazer absolutamente tudo o que a mãe faz, exceto dar o peito. “ Ele pode trocar a roupinha do bebê, trocar a fralda, fazer o bebê dormir após a amamentação, pode ajudar na hidratação da mãe buscando água para ela e preparar uma refeição para a mãe para que ela se sinta bem. Ele estará sendo pai cuidando da família, provendo e dando condições para que a amamentação seja possível. O apoio do companheiro é fundamental no sucesso da amamentação, dando esse suporte para que a mãe se sinta segura e tranquila”.

Sobre os cuidados com a amamentação durante a pandemia, a pediatra ressalta que “a mãe deve sempre manter os cuidados básicos recomendados de higiene com o bebê. O uso de máscara é recomendado somente se ela estiver infectada, caso contrário não é necessário. Inclusive a amamentação é benéfica, pois o bebê recebe anticorpos por meio do leite materno se a mãe estiver com a Covid-19. Quando a mãe é vacinada, recebe uma proteção e passa anticorpos também para o bebê, ou seja, através da amamentação acaba protegendo o seu filho”.

Dra. Kelly enfatiza que, mesmo durante a pandemia, a amamentação é uma prioridade para o bebê e que o objetivo é proteger a mãe e a criança para que o aleitamento seja possível. “É preciso evitar saídas com o bebê, caso ele seja muito pequeno e evitar visitas ou locais com aglomeração de pessoas. Estes são cuidados básicos que se deve ter com o bebê”.

Para explicar como toda a família pode se envolver e ajudar na amamentação, bem como esclarecer possíveis dúvidas sobre o assunto, a Fundação Abrinq produziu o e-book Aleitamento materno: um guia para toda família. Disponível gratuitamente para download aqui.

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