
Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) tem transformado diferentes áreas da sociedade, incluindo a Educação e o entretenimento infantil. Ferramentas baseadas em IA, como assistentes virtuais, plataformas de aprendizado adaptativo e jogos interativos estão cada vez mais presentes no cotidiano das crianças.
Benefícios da inteligência artificial na educação infantil
A tecnologia tem sido incorporada ao processo de aprendizagem infantil por meio de plataformas que utilizam inteligência artificial para personalizar o ensino conforme o ritmo e as dificuldades de cada criança. Esses sistemas oferecem conteúdo estruturado com base nas necessidades individuais, possibilitando a ampliação do acesso à Educação e a adaptação de métodos de ensino. Aplicativos educacionais, como as plataformas Adapta e Ensina.ai, são alguns exemplos.
A acessibilidade proporcionada pela IA também possibilita o uso de assistentes virtuais, softwares de leitura de texto e outras ferramentas que ampliam a inclusão na Educação de crianças com deficiência. Essas tecnologias permitem que crianças com dificuldades motoras, visuais ou auditivas tenham acesso a conteúdos educacionais de forma adaptada às suas necessidades específicas.
Riscos e desafios do uso da inteligência artificial
No entanto, nem tudo é tão vantajoso assim. O uso da IA por crianças também levanta questionamentos sobre privacidade e segurança de dados. Muitos dispositivos e plataformas coletam informações sobre os usuários, incluindo preferências, hábitos de uso e até dados biométricos, o que pode gerar preocupações em relação à proteção dessas informações. A falta de regulamentação específica para o uso de IA no contexto infantil pode aumentar a exposição das crianças a riscos como vazamento de dados e publicidade direcionada sem o devido controle.
Além disso, o uso da inteligência artificial pode aumentar o tempo diante de telas, o que tem potencial para comprometer o desenvolvimento infantil em diferentes aspectos, incluindo saúde física e mental. O uso excessivo de dispositivos eletrônicos também pode afetar a qualidade do sono, reduzir a prática de atividades físicas e impactar a capacidade de concentração. No mais, o contato frequente com sistemas baseados em IA pode levar a uma dependência da tecnologia para a solução de problemas, reduzindo a autonomia e a criatividade das crianças.
Outro ponto de atenção está relacionado à qualidade das interações promovidas pela inteligência artificial. O aprendizado na infância ocorre, também, por meio da interação com outras pessoas, e a substituição de interações humanas por interações com sistemas automatizados pode influenciar o desenvolvimento emocional e social das crianças. Assistentes virtuais e chatbots, por exemplo, podem simular diálogos, mas não substituem a troca de experiências e o aprendizado social obtido em interações reais com pais, professores e colegas.
Além disso, os dados fornecidos pela inteligência artificial nem sempre são precisos. Algoritmos podem apresentar informações incorretas, enviesadas ou desatualizadas, o que pode impactar negativamente o aprendizado infantil. Sistemas de IA aprendem a partir de grandes volumes de dados, mas podem cometer erros ao interpretar perguntas, gerar respostas ou classificar conteúdos. Isso reforça a importância da supervisão constante de adultos na utilização dessas ferramentas.
Uso consciente e monitorado da inteligência artificial
Para equilibrar os benefícios e riscos da IA na infância, é necessário que pais, educadores e desenvolvedores de tecnologia adotem medidas para garantir um uso consciente e responsável. Algumas ações incluem:
• Definir limites de tempo para o uso de dispositivos eletrônicos, garantindo que as crianças tenham tempo suficiente para atividades físicas, interação social e descanso adequado;
• Selecionar plataformas educativas que possuam políticas claras de privacidade, evitando ferramentas que coletam dados excessivos sem transparência sobre seu uso;
• Estimular atividades que promovam criatividade e interação social, incentivando o aprendizado por meio de brincadeiras, leitura e atividades ao ar livre;
• Orientar crianças sobre segurança digital e uso consciente da tecnologia, ensinando sobre os riscos da exposição online, o funcionamento dos algoritmos e a importância de preservar a privacidade;
• Verificar a precisão das informações geradas por IA, orientando as crianças a sempre questionarem e confirmarem dados obtidos por meio dessas ferramentas.
Além dessas ações, o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas e regulamentações específicas para o uso da IA na infância podem contribuir para um ambiente digital mais seguro e educativo. O envolvimento de famílias, escolas e sociedade é fundamental para garantir que a tecnologia seja um recurso que contribua para o crescimento das crianças sem comprometer aspectos fundamentais de seu desenvolvimento.