
A alimentação é um processo biológico, econômico, social, ambiental e cultural que abrange a escolha, a preparação e o consumo de um ou mais alimentos, e tem relação direta com a saúde e o bem-estar das crianças. No dia 4 de fevereiro de 2010, a alimentação tornou-se um dos direitos sociais aos quais todos os brasileiros devem ter acesso, sendo incluída na Constituição Federal de 1988.
Por ser um espaço de ensino-aprendizagem, de convivência e de formação de valores, a escola se apresenta como um ambiente privilegiado para a promoção de hábitos alimentares saudáveis. O consumo de uma alimentação adequada e saudável nessa fase é essencial para que as crianças atinjam todo o seu potencial físico e mental, por dois principais motivos.
Primeiramente, a educação infantil tem por finalidade principal o desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social das crianças, complementando as ações realizadas por sua família e pela comunidade. Em segundo lugar, em seus primeiros anos de vida, as crianças passam por um processo acelerado de crescimento, desenvolvem diferentes habilidades e adquirem hábitos que levarão por toda a vida.
Dentro desse contexto, o professor pode assumir um papel importante, tornando-se um multiplicador de hábitos alimentares saudáveis. Para isso, pode atuar em diferentes frentes, como acompanhar a qualidade da alimentação escolar, dar sugestões para o Conselho de Alimentação Escolar (CAE), ou mesmo ser um dos seus membros, contribuir para as ações do Programa Saúde na Escola e promover atividades de educação alimentar e nutricional.

Dez passos para a promoção de uma alimentação saudável nas escolas
Com o objetivo de envolver toda a comunidade escolar na promoção da saúde e de hábitos alimentares saudáveis, o Ministério da Saúde (MS) e o Ministério da Educação (MEC) publicaram, em 2006, os Dez Passos para a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas, que devem ser implantados de maneira complementar, sem a necessidade de seguir uma ordem.
- A escola deve definir estratégias, em conjunto com a comunidade escolar, para favorecer escolhas saudáveis;
- Reforçar a abordagem da promoção da saúde e da alimentação saudável nas atividades curriculares da escola;
- Desenvolver estratégias de informação às famílias dos alunos para a promoção da alimentação saudável no ambiente escolar, enfatizando sua corresponsabilidade e a importância de sua participação nesse processo;
- Sensibilizar e capacitar os profissionais envolvidos com alimentação na escola para produzir e oferecer alimentos mais saudáveis, adequando os locais de produção e fornecimento de refeições às boas práticas para serviços de alimentação, e garantindo a oferta de água potável;
- Restringir a oferta, a promoção comercial e a venda de alimentos ricos em gorduras, açúcares e sal;
- Desenvolver opções de alimentos e refeições saudáveis na escola;
- Aumentar a oferta e promover o consumo de frutas, legumes e verduras, com ênfase nos alimentos regionais;
- Auxiliar os serviços de alimentação da escola na divulgação de opções saudáveis por meio de estratégias que estimulem essas escolhas;
- Divulgar a experiência da alimentação saudável para outras escolas, trocando informações e vivências;
- Desenvolver um programa contínuo de promoção de hábitos alimentares saudáveis, considerando o monitoramento do estado nutricional dos escolares, com ênfase em ações de diagnóstico, prevenção e controle dos distúrbios nutricionais.

Como implantar esses passos?
Para cada passo, as escolas e a comunidade escolar devem formular e desenvolver atividades e ações de acordo com sua realidade, abrangendo o maior número possível de atores: alunos, famílias, professores, coordenadores, diretores, merendeiras, nutricionista da alimentação escolar, profissionais da área da Saúde, entre outros.
As escolas podem adotar as seguintes iniciativas:
- Incluir no calendário escolar a comemoração do Dia Mundial da Alimentação (16 de outubro);
- Promover palestras para as famílias sobre aleitamento materno, alimentação complementar e hábitos alimentares saudáveis;
- Promover oficinas culinárias para os familiares dos alunos;
- Solicitar que o nutricionista inclua preparações regionais no cardápio da alimentação escolar;
- Implantar hortas ou pomares, aproveitando sua produção no cardápio da alimentação escolar e usando seu espaço para realizar atividades pedagógicas;
- Levar os alunos para visitar a propriedade de agricultores familiares que fornecem gêneros alimentícios para a alimentação escolar;
- Promover capacitações para as merendeiras, abordando temas como boas práticas e aproveitamento integral dos alimentos.