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Desaparecimento de crianças: o que fazer nas primeiras 24 horas?

Vie, 23/05/2025 - 09:14
Desaparecimento de crianças: o que fazer nas primeiras 24 horas?

O Dia Internacional da Criança Desaparecida, que acontece em 25 de maio, é uma data de mobilização que convida a sociedade a refletir sobre um tema tão delicado quanto urgente: o desaparecimento infantil. Segundo dados do Observatório de Desaparecimento de Pessoas no Brasil, mais de 66 mil pessoas desaparecem por ano no país, das quais cerca de 20 mil são crianças e adolescentes de até 17 anos. Apesar da gravidade e da frequência desses casos, é muito comum que familiares e responsáveis não saibam como agir nas primeiras horas, período considerado decisivo para a localização da pessoa.

Antecipando essa data de conscientização, a Fundação Abrinq, que há 35 anos atua na promoção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes, alerta: a ação rápida pode salvar vidas, e a desinformação pode colocar a criança em risco ainda maior.

Desapareceu? Não espere 24 horas para agir

Um dos principais mitos que ainda circula entre a população é a falsa ideia de que é preciso esperar 24 horas para registrar um boletim de ocorrência. Isso não é verdade, especialmente quando se trata de crianças e adolescentes.

No momento da denúncia, é fundamental fornecer o máximo de informações possível: nome completo da criança, idade, características físicas (altura, cor dos olhos, cabelo, marcas de nascença), roupas usadas no momento do desaparecimento, local e horário em que foi vista pela última vez, além de fotos recentes.

Procure a delegacia mais próxima de sua casa e notifique o desaparecimento assim que possível.

Após o desaparecimento e o registro, quem eu procuro? O que eu faço?

Com o boletim de ocorrência registrado, os responsáveis podem acionar canais de apoio especializados. Entre eles estão:

•    Disque 100 – canal nacional para denúncias de violações de direitos humanos;

•    Disque 181 – canal de denúncias anônimas que podem auxiliar nas investigações;

•    190 – Polícia Militar, em casos de emergência imediata.

A divulgação da imagem da criança nas redes sociais, grupos de mensagens, veículos de imprensa e locais públicos também pode ser uma ferramenta importante, desde que não comprometa as investigações ou exponha a criança a riscos ainda maiores — por isso, é recomendável fazer isso com o apoio da delegacia responsável.

O Brasil já conta com algumas iniciativas para potencializar a resposta em casos de desaparecimento, como o Amber Alert, inspirado em um modelo internacional, que emite notificações para celulares em regiões próximas ao local do desaparecimento. Embora ainda limitado a alguns estados, esse tipo de sistema pode ampliar significativamente a visibilidade e a colaboração popular.

Prevenção é responsabilidade de todos

Mais do que saber como agir em casos de desaparecimento, é fundamental investir em prevenção. Isso inclui:

•    Ensinar a criança a memorizar dados importantes como o nome completo, nome dos pais ou responsáveis, endereço e telefone de contato;

•    Conversar abertamente sobre segurança pessoal, limites de confiança e como agir ao se perder ou se sentir ameaçada;

•    Acompanhar de perto as amizades, os ambientes frequentados e o uso da internet e redes sociais, onde muitas situações de risco têm origem.

Criança desaparecida é criança com direitos violados

O desaparecimento infantil é uma violação de direitos que coloca a criança em situações extremas de vulnerabilidade, como exploração sexual, trabalho forçado e até tráfico de pessoas. Por isso, a sociedade precisa compreender o desaparecimento como um problema coletivo, que precisa ser enfrentado com empatia, estrutura e compromisso público.

Um caminho é avançar na integração de bancos de dados nacionais sobre crianças desaparecidas, na capacitação de profissionais da rede de proteção e na articulação entre os sistemas de segurança, saúde, educação e assistência social para respostas mais rápidas e eficazes.

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