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"Se não fossem os alimentos desta cesta, meus filhos não teriam o que comer”

Vie, 28/05/2021 - 17:15
"Se não fossem os alimentos desta cesta, meus filhos não teriam o que comer”

Em 2010, às vésperas de seu aniversário, Khaledy ganhou do pai uma moto. Ele não teve muito tempo para aproveitar o presente: faleceu dias depois, em um acidente de moto. Como forma de homenagem, seu pai criou uma instituição com o nome do filho.

Construiu-a para atender as crianças e os adolescentes do município. A Fundação Khaledy Morais é um amparo para centenas de meninos e meninas e suas famílias afetadas pela pandemia causada pelo novo Coronavírus.

Estreito está localizado às margens da BR-153, localizada a 750 km da capital, São Luis. O nome é uma referência à parte mais estreita do Rio Tocantins, onde se encontram duas pontes, que unem os estados de Tocantins e Maranhão. O município possui cerca de 42 mil habitantes, que vivem sobretudo da pesca e de pequenos comércios. Muitas famílias carecem de recursos básicos para a sua sobrevivência.

A Fundação Khaledy beneficia, atualmente, 300 crianças e adolescentes, na faixa etária de 7 a 17 anos, que sofreram algum tipo de violação. A organização oferece aulas de reforço escolar, informática e violão, além de atividades esportivas e um coral. As crianças menores têm à disposição uma brinquedoteca. Para serem atendidas pela organização, é obrigatório que todos estejam matriculados na escola. As famílias também recebem atendimento por parte de psicólogos, psicopedagogos e assistentes sociais que atuam na Fundação.

A instituição foi uma das organizações atendidas pela Campanha Não Deixe a Fome Matar mais que o Coronavírus. A entidade recebeu, de fevereiro a abril, cestas básicas da Fundação Abrinq, que foram entregues a 230 famílias beneficiadas em situação de vulnerabilidade social. 

“Famílias em situação de extrema pobreza, sem comida na mesa”

A coordenadora geral da Fundação Khaledy Morais, Alciane da Silva Candini, conta que a organização é muito procurada na região. “Não conseguimos atender a todos. Muitas famílias estão em situação de extrema pobreza, sem comida e sem meios de subsistência”.

As aulas presenciais foram suspensas, mas os professores continuaram com as atividades remotas com muita dificuldade, pelo fato de os alunos não possuírem acesso à Internet, o que dificulta o cumprimento dos afazeres. “O prejuízo na aprendizagem só não é maior pois temos as atividades em formato impresso para as famílias retirarem conosco. Eles têm um período maior para fazê-las e, assim, não prejudicar as aulas da escola normal deles”, ressalta Alciane.

Com o início da pandemia, o suporte às famílias tem sido frequente, pois a situação se agravou muito, revela a coordenadora da Fundação. “A paralisação das atividades comerciais afetou as famílias que já viviam com dificuldades. Mas o nosso trabalho continuou acompanhando estas famílias e visitando as casas para ver como estão as crianças e os adolescentes”.

As crianças e os adolescentes são acompanhados também na escola. São avaliados o desempenho escolar, a frequência e como eles se comportam. “Quando a escola relata alguma mudança de comportamento da criança, entramos em contato com a família e é realizado o acompanhamento por parte de nossos psicólogos”, explica Alciane.

As cestas básicas foram entregues de forma presencial às famílias das crianças e dos adolescentes que estão cadastrados e são assistidas pela organização, porém, muitas moram muito longe da organização e, para estas, a entrega foi feita diretamente em suas casas.

Alciane se emociona quando fala sobre o momento da entrega das cestas às famílias. “Não há palavras para agradecer a ajuda da Fundação Abrinq. Recebemos pais e mães que falaram que a doação chegou na hora certa. Muitos não tinham nada em casa para dar de comer aos seus filhos. É uma situação muito difícil para um pai de família não ter nada para oferecer a ela. Eles nos disseram que, se não fossem os alimentos dessa cesta, seus filhos não teriam o que comer”.

No Brasil existem muitas famílias com fome e que necessitam de alimentos e itens de higiene para suprirem as suas necessidades básicas de subsistência.

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