A pandemia da COVID-19 provocou mudanças significativas na maneira como a população, de modo geral, entende e se preocupa com a saúde. Foram muitos acontecimentos desde que a pandemia surgiu no mundo e, posteriormente, chegou ao Brasil: a introdução ao uso contínuo de máscaras em ambientes abertos e fechados, a importância da vacinação para o enfrentamento de doenças, o distanciamento social, entre outros cuidados.
Todo esse processo afetou a saúde mental de muitas pessoas, inclusive das crianças e dos adolescentes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é estimado que 14% da população do mundo, entre 10 e 19 anos possui alguma condição que prejudica sua saúde mental. Isso significa que um em cada sete adolescentes convive com algum transtorno mental no dia a dia. No entanto, boa parte não recebeu um diagnóstico e convive com essa condição diariamente. Atualmente, ainda segundo a OMS, o suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens.
Devido à desinformação, crianças e adolescentes com transtornos mentais podem estar vulneráveis à exclusão social, dificuldades educacionais, discriminação e, até mesmo, ao desenvolvimento de doenças físicas.
No Brasil, desde 2015, o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) passaram a adotar e disseminar a campanha do Setembro Amarelo. O objetivo é alertar toda a sociedade sobre a importância de debater o tema da saúde mental e identificar novos casos para prevenir suicídio, reduzindo os óbitos pela causa.
Práticas que acolhem e transformam
A Fundação Abrinq, por meio do Programa Nossas Crianças, repassa recursos financeiros e apoia organizações da sociedade civil que realizam atendimento direto e gratuito à crianças e adolescentes, entre 0 e 18 anos, que estão em situação de vulnerabilidade social. O programa também oferece assessoramento técnico e administrativo para fortalecer o trabalho das organizações conveniadas.
Uma das entidades apoiadas pela Fundação Abrinq é a AMMA – Associação Alda Miranda Matheus. Localizada em Pirassununga – SP, a organização surgiu diante da carência de políticas públicas que assegurassem a garantia dos direitos de crianças e adolescentes de forma integral.
O projeto realizado pela AMMA e apoiado pela Fundação Abrinq tem o nome de “Quem Amma protege” e consiste em realizar campanhas educativas, com divulgações das ações de promoção, proteção, defesa e atendimento dos direitos de crianças e adolescentes, incluindo ações de combate à violência doméstica e ao abuso e exploração sexual. São atendidos 375 crianças e adolescentes entre 7 e 15 anos de idade.
De acordo com Talita Noé Souza, gestora da organização, “A Fundação Abrinq veio somar em nossas ações e projetos. De forma natural e intencional, trabalhamos a temática de prevenção e combate à violência doméstica e sexual, auxiliando pessoas a saírem do ciclo vicioso de comportamentos. Também apoiamos as crianças a romperem seus bloqueios e identificarem situações negativas. Com o apoio da Fundação Abrinq, nos sentimos mais ‘seguros’ e valorizados, com nosso papel reconhecido na luta pela infância”.
Uma das principais causas relacionadas aos transtornos mentais na infância e na adolescência está relacionada a possíveis abusos enfrentados na comunidade ou, até mesmo, na própria família. Por isso é importante que um projeto que lida com crianças em situação de vulnerabilidade ofereça, também, apoio psicológico para as vítimas.
É importante perceber os sinais
De acordo com a autora do livro “Parenting Through the Storm”, Ann Douglas, existem alguns sinais em crianças que requerem atenção especializada. Por este motivo, é sempre importante se atentar se a criança está:
• Tendo mais dificuldade na escola;
• Batendo ou intimidando outras crianças;
• Tentando se machucar;
• Evitando amigos e familiares;
• Passando por mudanças frequentes de humor;
• Passando por emoções intensas, como explosões de raiva ou medo extremo;
• Sem energia ou motivação;
• Com dificuldade em se concentrar;
• Com dificuldades para dormir ou tem muitos pesadelos;
• Com muitas queixas de dores ou desconfortos físicos;
• Negligenciando a aparência;
• Obcecada com o peso, a forma ou a aparência;
• Comendo significativamente mais ou menos do que o normal.
Saúde mental na infância e adolescência
Com o objetivo de orientar e informar sobre a importância da saúde mental de crianças e adolescentes, a Fundação Abrinq produziu o E-book sobre Saúde Mental na Infância e Adolescência. O conceito de saúde mental e os problemas que vêm atingindo as crianças e os adolescentes nos tempos atuais precisam ser amplamente discutidos pela sociedade, pois a falta de conhecimento sobre o assunto, muitas vezes, coloca em risco a vida deles. Por essa razão, a publicação apresenta casos que se configuram como riscos para a saúde mental como a depressão, ansiedade, automutilação e o suicídio, bem como os fatores de influência, cuidados e tratamentos.