Era abril de 1989, uma mulher moradora do estado da Virgínia, sul dos Estados Unidos, amarrou um laço de cor azul à antena de seu carro com o objetivo de provocar um grande questionamento entre os moradores locais. Bonnie W. Finney, após saber que os seus dois netos tinham sido vítimas de maus tratos até a morte por parte dos pais, tomou esta iniciativa como uma forma de amenizar a dor da perda. As crianças apresentavam marcas de violência e manchas negras pelo corpo. O laço azul tornou-se um símbolo de alerta na luta contra os maus tratos a crianças e adolescentes.
Abril é o mês de combate e prevenção aos maus tratos contra crianças e adolescentes. Em 25 de abril é celebrado o dia internacional da luta pela erradicação desta forma de violência que atinge meninos e meninas em todo o mundo.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), caracterizam-se como “abusos ou maus tratos às crianças, todas as formas de lesão física ou psicológica, abuso sexual, negligência ou tratamento negligente, exploração comercial ou outro tipo de exploração, resultando em danos potenciais para a saúde da criança, sua sobrevivência, desenvolvimento ou dignidade num contexto de uma relação de responsabilidade, confiança ou poder”.
Os maus tratos deixam grandes sequelas para o desenvolvimento das crianças ao longo de toda a vida. Em destaque, a depressão, agressividade, abuso de drogas e problemas de saúde, mesmo anos depois de cessadas as violências.
Cenário alarmante
O cenário da violência contra meninos e meninas no Brasil, agravado pela pandemia do coronavírus e que afetou a todos, possui números alarmantes. Em 2020, foram feitas mais de 64 mil denúncias de violência física e psíquica contra a criança e o adolescente no país, através do Disque 100 da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Ou seja, 7 denúncias são recebidas a cada hora. Os números foram divulgados em balanço divulgados em março pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Os dados revelam que a violência, em sua maioria, está dentro de casa - 70% dos maus tratos acontecem na residência da vítima ou do suspeito e, 63,2% dos casos são cometidos pelos próprios pais e mães das crianças. As meninas sofrem mais com os maus tratos do que os meninos, com 56,2% e 40,5%.
As crianças e os adolescentes são vítimas de violência física e psicológica. Há relatos de agressões, constrangimentos, torturas físicas, assédios, exposição de risco à saúde e coação.
De acordo com o Observatório da Criança e do Adolescente da Fundação Abrinq, as notificações de casos de violência física contra este público vem crescendo anualmente. Em 2009, foram registrados 9 mil casos, enquanto que 2018 mais de 59 mil notificações foram feitas.
A maioria das violências contra esta parcela da população ocorre nos lares, e a pandemia agravou a situação, devido, entre outros fatores, às medidas de isolamento necessárias em tempos de contaminação em massa. Além disso, houve o fechamento das escolas e redução de funcionamento de alguns serviços de proteção, resultando em uma queda na identificação de novos casos de maus-tratos infantis.
Nós podemos mudar esta história
A Fundação Abrinq atua há 31 anos pelos direitos da criança e do adolescente. Ao longo de sua trajetória, desenvolveu mais de 60 programas e projetos voltados para a defesa dos direitos à educação de qualidade, saúde e proteção contra todos os tipos de violência. Ao todo, 6.842 proposições legislativas foram monitoradas e mais de 8 milhões de crianças e adolescentes tiveram os seus direitos assegurados.
Ajude a Fundação Abrinq a mudar esta história, garantindo um futuro melhor para crianças e adolescentes de todo o país.
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