A exposição de crianças a telas, como smartphones, tablets, computadores e TVs, é uma realidade cada vez mais presente no cotidiano familiar e escolar. Embora a tecnologia ofereça ferramentas para o aprendizado e a diversão, seu uso excessivo pode impactar o desenvolvimento infantil. Para auxiliar pais, educadores e responsáveis a entenderem melhor como equilibrar a relação entre crianças e telas, a Fundação Abrinq preparou orientações focadas em cuidados e prevenções.
Por dia, quantas horas uma criança deve ter acesso a telas?
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que a exposição a telas seja cuidadosamente limitada, de acordo com a idade da criança. Para crianças menores de 2 anos, o ideal é que o uso de dispositivos eletrônicos seja evitado. Nesta fase, o contato direto com o ambiente, a interação com outras pessoas e as brincadeiras são importantes para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e emocionais.
Para crianças entre 2 e 5 anos, o uso de telas deve ser limitado a, no máximo, uma hora por dia e sempre com supervisão de um adulto. É importante que os responsáveis selecionem conteúdos apropriados e de qualidade, focados em aprendizado e desenvolvimento. Na faixa etária de 6 a 10 anos, a SBP recomenda um limite de duas horas diárias para o uso de telas, que devem ser voltadas para atividades educativas e, sempre que possível, interativas.
Estabelecer horários específicos para o uso de dispositivos e incentivar atividades offline, como esportes, leitura e brincadeiras ao ar livre, ajuda a reduzir a dependência da tecnologia. Além disso, a criação de “zonas livres de telas” na rotina, como durante as refeições e na hora de dormir, contribui para o desenvolvimento saudável da criança e para uma interação mais próxima entre familiares.
Que tipo de conteúdo a criança deve assistir ou ter acesso?
A qualidade do conteúdo é tão importante quanto a quantidade de tempo que a criança passa em frente a uma tela. Em vez de permitir que elas explorem livremente a internet ou aplicativos, os responsáveis podem atuar como “curadores digitais”, selecionando o que é realmente apropriado e benéfico.
Para crianças menores, é preferível escolher conteúdos visuais interativos e educativos que promovam o aprendizado básico, como letras, números e formas. Aplicativos e programas que incentivam a criatividade, como jogos de construção e histórias interativas, podem ser positivos desde que utilizados com moderação. Já para crianças maiores, o ideal é buscar jogos e conteúdos que estimulem habilidades cognitivas, como quebra-cabeças, desafios de memória e atividades de estratégia.
Outra prática recomendada é a presença dos pais ou responsáveis durante o consumo dos conteúdos. Acompanhar o que a criança assiste e conversar sobre os temas abordados contribui para uma experiência mais segura e construtiva. Esse acompanhamento também permite aos responsáveis reforçar valores importantes e corrigir qualquer informação ou mensagem inadequada que possa surgir. Estar ao lado da criança enquanto ela interage com a tecnologia é uma forma de participação ativa que fortalece o vínculo familiar e reduz os riscos de acesso a temas inapropriados.
Qual o impacto do uso dos dispositivos eletrônicos na saúde física e emocional das crianças?
O uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode trazer desafios para a saúde física e emocional das crianças. O hábito de ficar muito tempo em frente a telas pode contribuir para problemas de visão, postura inadequada e sedentarismo, que afetam o desenvolvimento físico. Além disso, a exposição prolongada às telas está associada a distúrbios do sono, especialmente devido à luz azul emitida pelos dispositivos, que interfere na produção de melatonina, o hormônio responsável pelo sono.
Para prevenir esses efeitos, é recomendável que o uso de telas seja evitado pelo menos uma hora antes de dormir. Esse intervalo sem eletrônicos permite que o corpo e a mente da criança se preparem para o descanso. Uma boa prática é substituir a tecnologia por atividades relaxantes, como leitura de um livro ou conversas em família, criando uma rotina noturna que favoreça o sono e diminua a dependência de estímulos digitais.
Além dos cuidados físicos, o uso de telas deve ser monitorado para evitar que crianças fiquem dependentes de dispositivos para se entreter. O acesso constante à tecnologia pode reduzir a disposição para brincadeiras criativas e atividades ao ar livre, que são fundamentais para o desenvolvimento emocional e social. Incentivar a participação em jogos de equipe, esportes e atividades que estimulem a interação com outras crianças ajuda a construir habilidades como empatia, cooperação e resiliência.