
Com o apoio da Fundação Abrinq, o município de Curvelo - MG tem fortalecido o cuidado com gestantes, bebês e suas famílias, aprimorando o atendimento na atenção básica e envolvendo toda a rede local em uma nova cultura de cuidado desde a gestação. A atuação da organização por meio do Programa 1000 Dias vem promovendo formações, oficinas, entrega de kits e apoio técnico às equipes de saúde, o que tem contribuído para ampliar o acompanhamento pré-natal e melhorar a qualidade da assistência oferecida.
Fruto direto desse trabalho, a cidade lançou recentemente o projeto Mãe Curvelana, uma política pública municipal que contou com o apoio do Programa 1000 Dias. O objetivo é estimular as gestantes a participarem ativamente do pré-natal e das atividades educativas. A nova iniciativa oferece um kit enxoval às mulheres que realizarem pelo menos sete consultas, dois ultrassons, os exames de rotina e participarem das formações promovidas nas unidades.
O Secretário de Saúde do município, Raphael Schlegel, afirma que o maior desafio enfrentado pelo município no cuidado à saúde materno-infantil não está na estrutura ou nos recursos, mas na sensibilização das gestantes e da rede de apoio.
“Mais do que resolver questões de gestão, como estrutura hospitalar ou contratação de serviços, o desafio real é fazer com que a gestante compreenda a importância de participar de todas as etapas do acompanhamento, realizar os exames, comparecer às consultas e envolver sua família nesse processo. É uma mudança cultural que exige tempo, escuta e esforço coletivo”, explica.
A importância da parceria com a Fundação Abrinq
Desde que passou a integrar o Programa 1000 Dias, Curvelo tem recebido apoio constante da Fundação Abrinq por meio de formações mensais com as equipes de saúde da família, visitas técnicas e entrega de kits para gestantes. Raphael reconhece que a atuação da Fundação foi essencial para mobilizar os profissionais e fortalecer o compromisso da rede com a primeira infância.
“A Fundação trouxe uma equipe bem qualificada e um olhar externo que fez muita diferença. Muitas vezes os servidores escutam mais quando o conhecimento vem de fora. Vocês nos ajudaram a organizar o serviço, a padronizar condutas e a sensibilizar os profissionais. Isso tem um impacto real na ponta”, afirma.

Com 24 equipes de Saúde da Família, cada uma com enfermeiros, técnicos e agentes comunitários de saúde, a gestão municipal destaca a dificuldade de manter uma atuação uniforme em todo o território, algo que começou a mudar com o apoio da Fundação.
“A Fundação nos ajudou a tornar o que era um desejo antigo em algo concreto. Vocês deram o primeiro passo, trouxeram os kits e nos mostraram que era possível. A partir daí, criamos o Mãe Curvelana, pensando já na continuidade do trabalho quando a Fundação encerrar seu ciclo por aqui”.
Como funciona o Mãe Curvelana
O Projeto Mãe Curvelana é uma iniciativa da Prefeitura de Curvelo que tem como objetivo oferecer apoio integral às gestantes e puérperas do município, promovendo um acompanhamento mais efetivo durante a gestação e os primeiros meses de vida do bebê. Uma das principais ações do projeto é a entrega de kits maternidade para os recém-nascidos, como forma de incentivar a realização do pré-natal completo e a participação das mulheres nas atividades de educação em saúde.
A iniciativa teve início com o apoio da Fundação Abrinq e, desde então, já beneficiou mais de 150 mães no município. O impacto positivo das ações levou a gestão municipal a ampliar o alcance do projeto. Recentemente, a Prefeitura publicou um edital para a aquisição de 2.000 kits maternidade, com o objetivo de atender todas as gestantes acompanhadas pelas equipes de saúde da família ao longo de 12 meses.
“Não se trata de assistencialismo, e sim de incentivo. É uma forma de mostrar que a gestão pública está olhando para essa mulher em todas as dimensões. Eu sou pai e sei o quanto uma bolsa de maternidade, um pacote de fraldas ou um item simples pode fazer diferença. É um gesto simbólico, mas muito importante para a gestante”.
Nova lógica: protagonismo do agente comunitário
Um ponto de virada importante no processo de mobilização das gestantes em Curvelo foi a decisão de mudar o protagonismo das ações educativas. Até então, cabia ao enfermeiro organizar e conduzir os grupos nas unidades, o que nem sempre gerava engajamento suficiente. Com apoio da Fundação Abrinq, o município implementou uma nova estratégia: transformar os agentes comunitários de saúde em embaixadores do programa.
“A adesão das gestantes variava muito de uma unidade para outra. Tinha lugar que recebia 15 mulheres, outro recebia uma só. Em alguns lugares, a equipe preparava o espaço, fazia decoração, acolhia. Em outros, não. Faltava motivação entre os profissionais. Foi aí que pensamos em envolver diretamente os agentes comunitários, que estão mais próximos da população. Criamos a figura do embaixador do programa, que passou a ser o responsável pelas atividades e relatórios”.
Segundo Raphael, a mudança provocou um efeito imediato: outros agentes começaram a valorizar mais o programa, a participação aumentou e as equipes se envolveram mais coletivamente.
“A gente tirou o peso de ficar tudo nas costas do enfermeiro e distribuiu a responsabilidade. Isso funcionou muito bem e agora estamos replicando esse modelo em outros grupos operativos, como hipertensos e diabéticos. O agente comunitário tem um potencial enorme de mobilização, e muitas vezes isso estava sendo subutilizado”.
O tempo como diferencial

Outro diferencial do Programa 1000 Dias em Curvelo foi o tempo de permanência da Fundação Abrinq no território, com visitas mensais, formações continuadas e acompanhamento técnico. Para o secretário, essa presença prolongada foi importante para que as mudanças ganhassem profundidade.
“Se a Fundação tivesse vindo por dois, três meses, talvez a gente nem tivesse conseguido dar esse passo. É importante bater na tecla várias vezes, acompanhar os acertos e os erros, ajustar a rota junto com a equipe. Isso permite que o município caminhe com mais segurança depois”.
O Mãe Curvelana, segundo Raphael, nasce com essa proposta de continuidade: manter as ações que começaram com o Programa 1000 Dias e seguir fortalecendo o cuidado com a gestante e o bebê como uma prioridade de política pública.
“A Fundação vai embora, mas o serviço continua. Agora temos um projeto estruturado, com metas, com monitoramento, com entrega. E principalmente: com profissionais mais conscientes do seu papel. Isso é legado”.