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Formação nacional em Violência Doméstica e Sexual contra Crianças e Adolescentes amplia prevenção e beneficia 48 mil crianças

27/11/2025
Criança sentada com pelúcia nos braços

Entre abril e setembro de 2025, a Fundação Abrinq fortaleceu um dos maiores ciclos formativos sobre proteção de crianças e adolescentes já realizados no âmbito da campanha Pode Ser Abuso. A formação online “Violência Doméstica e Sexual contra Crianças e Adolescentes”, desenvolvida em três turmas e articulada com plantões de dúvidas e Seminários de Boas Práticas, reuniu profissionais de escolas, organizações da sociedade civil, coletivos e secretarias municipais.

Foram mais de vinte encontros ao longo de seis meses, estruturados para que as equipes aplicassem, na prática, os planos pedagógicos e comunitários propostos pela formação. Ao todo, 380 profissionais participaram das atividades, representando perspectivas e especialidades distintas: psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, educadores sociais e coordenações pedagógicas de diversos territórios.

A cada módulo, a formação estimulava o diálogo entre proteção, educação e cotidiano escolar, transmitia conhecimento e criava condições para que a prevenção fosse incorporada de forma contínua. O foco estava na construção de metodologias capazes de alcançar crianças e suas famílias de maneira pedagógica, respeitando contextos e necessidades. Esse esforço coletivo alcançou mais de 48 mil crianças e adolescentes, que participaram de atividades educativas sobre prevenção à violência e ampliaram sua compreensão sobre o tema por meio de abordagens lúdicas e adequadas à idade.

Crianças recebendo acervo literário

O reflexo da formação nos territórios e na rotina das equipes

As formações ganhavam vida quando chegavam aos territórios; era ali, no cotidiano das equipes, que o conhecimento se transformava em prática e fazia diferença. Nos depoimentos das turmas, era possível perceber como cada encontro reverberava nas rotinas, inspirava novas ações e fortalecia quem estava na linha de frente da proteção. Entre esses relatos, um deles mostrava com clareza como a troca de saberes abria caminhos dentro das próprias instituições.

Na Turma 1, a assistente social Maria de Fátima, da Casa da Criança Jesus de Nazaré, em Indaiatuba – SP, destacou o impacto direto da formação na rotina de trabalho. “Foi realizado um seminário com o tema violência doméstica e sexual na infância. O objetivo era ampliar o conhecimento das educadoras sobre os diferentes tipos de violência que afetam crianças e como identificá-los e enfrentá-los dentro do contexto escolar. Essa ação foi incentivada pelo setor de Serviço Social, a partir da formação promovida pelo curso Pode Ser Abuso, que integra e fortalece a campanha nacional Faça Bonito.”

Na mesma turma, Yassari Gonçalo, gerente do Centro de Assistência e Promoção Social Nosso Lar, em São Paulo – SP, observou avanços importantes no cotidiano institucional. “A participação na ação trouxe avanços significativos, principalmente no fortalecimento da cultura de proteção à infância. A equipe escolar passou a se sentir mais preparada para abordar temas delicados de forma respeitosa e educativa, promovendo um ambiente de escuta e confiança. Houve também maior envolvimento das famílias, que demonstraram interesse e abertura para discutir o tema e colaborar na prevenção. Como resultado, a instituição consolidou seu papel como espaço seguro e formador.” A segunda turma também registrou fortalecimento interno, com equipes que estruturavam práticas de prevenção e ampliavam o diálogo entre setores. Em diversas instituições, as atividades envolviam rodas de conversa, ações comunitárias, materiais educativos, articulações com serviços públicos e maior inclusão das famílias nos debates sobre proteção.

Já em João Pessoa – PB, que integrou a terceira turma, a formação consolidou o trabalho intersetorial e ampliou estratégias de escuta e acolhimento nas escolas. A psicóloga Aparecida de Cássia Mendes de Freitas, da Escola Municipal Aruanda, relatou mudanças perceptíveis na rotina escolar. Ela afirmou que capacitar profissionais era essencial para prevenir e garantir direitos, sobretudo porque a escola era o espaço onde muitas situações se manifestavam. “Prevenir é cuidar, preservar e garantir que os profissionais se antecipem a possíveis violações. Já observo mudanças concretas na equipe multiprofissional. Estamos mais integradas, compartilhando objetivos e informações. A capacitação fortalece a prevenção e amplia a educação de toda a comunidade escolar.”

Além dos avanços dentro das equipes, a formação favoreceu o envolvimento das famílias. Mais de 9 mil participaram de atividades, encontros e atendimentos relacionados à promoção de direitos, fortalecendo a prevenção como uma responsabilidade compartilhada entre escola, instituições, comunidades e serviços públicos.

O encerramento do ciclo formativo e o reconhecimento às boas práticas

O Seminário de Boas Práticas marcou o último encontro da formação e reuniu relatos, aprendizados e estratégias desenvolvidas ao longo dos meses. Nesse momento, as equipes compartilharam experiências, resultados e desafios que encontraram na implementação das atividades em seus territórios.

Para reconhecer o empenho e incentivar a continuidade das ações, a Fundação realizou o sorteio de três acervos literários, cada um com vinte títulos sobre proteção, destinados às equipes participantes do Seminário. As instituições contempladas foram:

  • Rede de Atendimento Integrado à Criança e ao Adolescente (AICA), Serra - ES.
  • Escola EMEF Júlio Gomes Camisão, de Barueri - SP.
  • Escola EMAI Luiz Augusto Crispim, de João Pessoa - PB.

Os acervos foram entregues às instituições, que agora utilizam o material para ampliar debates, fortalecer projetos e estimular que crianças, adolescentes e famílias tenham acesso a conteúdos qualificados sobre proteção.

Crianças recebendo acervo literário

Campanha Pode Ser Abuso: fortalecendo redes para proteger crianças e adolescentes

A formação integra a campanha nacional Pode Ser Abuso, desenvolvida pela Fundação Abrinq para fortalecer redes de proteção, estimular o diálogo com famílias e ampliar estratégias de prevenção em escolas, organizações sociais e territórios parceiros. A iniciativa reconhece que prevenir exige informação, envolvimento e continuidade. Por isso articula formação, acompanhamento e apoio pedagógico para que cada equipe avance com segurança e compromisso.

Ao final do ciclo, o que permanece não é apenas o aprendizado técnico, mas a mobilização coletiva que se consolidou ao longo dos meses. Em cada território, a formação contribuiu para criar ambientes mais atentos, escolas mais preparadas e comunidades mais envolvidas na defesa dos direitos de crianças e adolescentes.

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