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Acidentes domésticos com crianças: veja como proteger sua casa

24/06/2025
Acidentes domésticos com crianças: veja como proteger sua casa

Um segundo de distração pode ser suficiente para uma criança sofrer um acidente grave dentro de casa. Embora o lar seja o espaço de maior convivência e suposta segurança, ele ainda representa riscos de acidentes domésticos para o público infantil. Escadas, tomadas, móveis, utensílios domésticos e até brinquedos, tudo pode se transformar em um perigo silencioso se não houver a prevenção adequada.

De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), 456 crianças e adolescentes de 0 a 19 anos morreram em 2024 no Brasil em decorrência de acidentes domésticos. As principais causas dessas mortes foram acidentes relacionados à respiração (como sufocamentos e engasgos), que vitimaram 213 crianças, seguidos de afogamentos (104), choques elétricos e outras pressões físicas (33), quedas (29) e exposição a fogo ou fumaça (23). Muitos desses episódios poderiam ter sido evitados com atitudes simples dentro do lar.

Pensando nisso, a Fundação Abrinq preparou um guia completo com dicas de prevenção e segurança em casa, voltado a pais, mães, responsáveis e cuidadores. Afinal, proteger a infância também é garantir que cada ambiente onde a criança circula esteja livre de riscos e preparado para acompanhar seu desenvolvimento com segurança.

Quedas: muito comuns no dia a dia e causadoras de acidentes domésticos

Embora tenham provocado 29 mortes em 2024, as quedas continuam sendo o tipo de acidente doméstico mais comum entre crianças, especialmente as de até 9 anos, segundo registros de atendimentos de urgência e emergência. Elas acontecem com frequência em escadas, camas, móveis altos ou em pisos escorregadios — e, embora nem sempre levem ao óbito, podem causar fraturas, traumatismos e sequelas importantes.

O que fazer:

•    Instalar portões de segurança em escadas e corredores;

•    Fixar estantes e cômodas na parede para evitar tombamentos;

•    Utilizar grades de proteção em janelas e redes em sacadas;

•    Usar tapetes antiderrapantes nos ambientes e evitar pisos encerados.

Queimaduras: cozinha é um dos locais mais perigosos da casa

A cozinha concentra boa parte dos acidentes com fogo e líquidos quentes. Crianças curiosas podem se aproximar do fogão, puxar panelas ou se queimar com líquidos como café ou óleo fervente. Além disso, o uso de micro-ondas por adolescentes também pode representar riscos.

Prevenções importantes:

•    Cozinhar preferencialmente nas bocas de trás do fogão com os cabos das panelas virados para dentro;

•    Nunca deixar fósforos, isqueiros e velas ao alcance das crianças;

•    Evitar carregar líquidos quentes próximos a crianças pequenas;

•    Ensinar adolescentes sobre o uso seguro de eletrodomésticos e micro-ondas.

Sufocamentos e engasgos: riscos em brinquedos, alimentos e roupas

O sufocamento é um dos acidentes mais perigosos, principalmente em crianças com menos de 3 anos. Muitas vezes, os objetos que causam o sufocamento são comuns no dia a dia: bolinhas, moedas, peças pequenas de brinquedos e até partes de roupas e roupas de cama.

Como evitar:

•    Escolher brinquedos apropriados para a idade da criança, com selo do Inmetro;

•    Cortar alimentos como uva, salsicha e cenoura em pedaços pequenos e supervisionar a alimentação;

•    Evitar cordões e fitas em roupas, especialmente em roupas de dormir;

•    Manter sacolas plásticas e balões fora do alcance das crianças pequenas.

Intoxicações: produtos de limpeza e medicamentos devem estar fora do alcance

Um dos erros mais comuns é manter produtos perigosos embaixo da pia ou em locais acessíveis às crianças. Muitos acidentes envolvem ingestão acidental de medicamentos ou produtos de limpeza que estavam mal armazenados ou transferidos para garrafas plásticas reaproveitadas.

Dicas de proteção:

•    Guardar produtos de limpeza e medicamentos em locais altos e trancados;

•    Nunca reutilizar garrafas de refrigerante ou água para armazenar substâncias químicas;

•    Ensinar crianças desde cedo que certos produtos “não são comida”;

•    Utilizar travas de segurança em armários e gavetas.

Banheiro: espaço pequeno, mas com muitos riscos

Além do risco de escorregões, o banheiro pode ser palco de acidentes envolvendo água, eletricidade e intoxicações. Os produtos de higiene pessoal e beleza, como cremes, sprays e colônias, também precisam de atenção, pois podem ser ingeridos por crianças curiosas.

Medidas de segurança:

•    Usar tapetes antiderrapantes dentro e fora do box;

•    Manter o vaso sanitário tampado e, se possível, com trava;

•    Guardar todos os produtos fora da altura dos olhos das crianças;

•    Supervisionar o uso de secadores, chapinhas e aparelhos elétricos.

Ambientes externos também precisam de atenção

Jardins, varandas, quintais e áreas de serviço, embora ao ar livre, também podem esconder armadilhas. Tanques com água, plantas tóxicas, ferramentas, escadas e produtos de uso agrícola devem ser tratados com o mesmo nível de cuidado.

Ações recomendadas:

•    Manter baldes, tonéis e caixas d’água sempre fechados;

•    Evitar deixar ferramentas ou objetos pontiagudos no chão;

•    Instalar redes de proteção em sacadas e janelas altas;

•    Retirar plantas tóxicas ou desconhecidas do alcance de crianças.

O papel do adulto e da informação

A maioria dos acidentes domésticos ocorre na presença de um adulto. Isso não significa negligência, mas aponta a importância da vigilância ativa e constante, especialmente nos primeiros anos de vida. A prevenção exige planejamento, organização e consciência. Também é fundamental que os adultos conversem com as crianças e os adolescentes sobre os riscos e como agir com segurança.

Além disso, conhecer noções básicas de primeiros socorros pode salvar vidas em situações emergenciais.

Proteção também é afeto

Criar um ambiente seguro não significa tirar a liberdade da criança, mas sim promover o seu desenvolvimento em um espaço que respeita suas necessidades e protege sua integridade. Prevenir acidentes é um gesto de amor que se reflete em cada escolha diária, desde o lugar onde são guardados os produtos de limpeza até a maneira como as crianças são orientadas sobre os perigos ao seu redor.
 

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