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O atendimento especializado a vítimas de violência sexual: conheça o projeto que ficou em segundo lugar no Prêmio Criança

02/06/2023
O atendimento especializado a vítimas de violência sexual: conheça o projeto que ficou em segundo lugar no Prêmio Criança

A instituição Sistema de Apoio à Saúde São Rafael, localizada em Maringá – PR, foi fundada em 2004 com o propósito de promover a Saúde, prevenir doenças e criar oportunidades onde antes existia sofrimento e desesperança. Atua, principalmente, na promoção e proteção dos direitos e do exercício da cidadania de crianças e adolescentes, em especial, as que se encontram em situação de vulnerabilidade social.

Diante de um diagnóstico junto a Rede de Proteção da Criança e do Adolescente do município, as profissionais da organização conseguiram identificar que havia uma alta demanda para atendimentos psicoterápicos a vítimas de violência sexual na região. Dessa forma, criaram o projeto Fazendo a Diferença, que atende vítimas deste tipo de violência apresentando sintomas como ansiedade, depressão, autolesão e ideação suicida.

Segundo lugar na 24ª edição do Prêmio Criança

A 24ª edição do Prêmio Criança reconheceu organizações da sociedade civil que desenvolvem projetos voltados à saúde mental de crianças e adolescentes. Assim, com a inscrição do projeto Fazendo a Diferença, a instituição Sistema de Apoio à Saúde São Rafael recebeu o reconhecimento da Fundação Abrinq pela qualidade e importância de sua iniciativa.

De acordo com Rosane Marta, gestora institucional da organização, “nós verificamos que existia um abismo entre o número de casos de violência sexual na região e as oportunidades de atendimento a essas vítimas. Por isso, apresentamos este projeto como uma forma de minimizar os danos causados por essa violência”, relata.

Como funciona o projeto

A instituição recebe o encaminhamento de uma criança ou de um adolescente pela Rede de Proteção à Violência e realiza a inclusão na fila de espera quando não possui vagas imediatas. Com a disponibilidade de uma vaga, há o contato com a família, que realiza o cadastro da criança ou do adolescente no sistema eletrônico da organização e agenda o atendimento com a assistente social, responsável por realizar a entrevista social e entender melhor o caso e a história de vida de quem precisa do apoio. 

Após esta etapa, é agendada uma entrevista com as psicólogas da instituição, que realizam o primeiro atendimento com os pais ou responsáveis, com o intuito de compreender a história de vida da criança ou do adolescente. Estes dados são fundamentais para o entendimento da dinâmica familiar e para o norteamento do trabalho a ser realizado. Os atendimentos clínicos acontecem após a entrevista inicial, individualmente.

Os atendimentos clínicos acontecem após a entrevista inicial, individualmente, de segunda a quinta-feira. Visitas às escolas e atendimentos de orientação aos pais são agendados conforme a disponibilidade de horários e necessidade.

Atualmente, 60 crianças e adolescentes são beneficiados pelo projeto.

“Começamos com 12, depois 24 e a cada ano aumentava a demanda. Escrevemos este projeto junto com profissionais de psicologia e entendemos que, no município, o atendimento psicoterápico a crianças e adolescentes não é especializado. Vítimas de violência sexual têm outra demanda, mais sensível. O profissional que atende precisa fazer uma supervisão qualificada. Por isso, a organização conta com quatro psicólogas que ficam responsáveis por 15 pacientes cada uma. Além disso, as profissionais ainda reservam uma hora de suas semanas para o tratamento de algum familiar ou responsável que necessite de atendimento psicológico”, afirma a gestora da instituição.

Vidas impactadas

Os índices de sucesso e melhoria nos casos atendidos pelo projeto demonstram que mais de 70% dos pacientes que realizaram tratamento tiveram melhoras significativas nos sintomas apresentados. Dentre eles, estas são algumas das histórias já vivenciadas dentro da organização:

- Cristina*, mãe de uma das crianças atendidas, afirma que o tratamento foi fundamental para a superação da violência sofrida. Relata que teria procurado o tratamento mais cedo se soubesse que fazia tão bem ao seu filho. Hoje, se emociona ao vê-lo brincando feliz com outras crianças.

- Paloma*, uma adolescente vítima de violência sexual, ficou três anos em terapia. Frequentemente apresentava ideias suicidas e tinha dificuldades, até mesmo, de sair de seu próprio quarto. Chegou a ser internada em um hospital psiquiátrico para amenizar o quadro causado pelo trauma sofrido. Hoje, após tratamento na organização, já consegue sair do quarto e socializar.

Cuidar da saúde mental de crianças e adolescentes é de extrema importância para garantir seu desenvolvimento saudável e seu bem-estar ao longo da vida. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 10% das crianças e adolescentes sofrem de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e transtornos de comportamento. Além disso, estima-se que metade dos distúrbios mentais tenham início antes dos 14 anos. 

*Nomes modificados para preservar as identidades.

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