
O uso de jogos digitais e elementos lúdicos no processo de ensino tem ganhado espaço nas escolas, projetos educacionais e até em casa. A chamada gamificação, que nada mais é do que uma estratégia que utiliza dinâmicas típicas dos jogos para engajar e estimular o aprendizado, vem sendo aplicada de forma crescente na educação infantil. Mas, afinal, funciona mesmo?
Muitos pais e responsáveis ainda demonstram receio quando escutam palavras como “jogo”, “missão” ou “desafio” dentro do ambiente escolar. A associação imediata costuma ser com videogames e o uso excessivo de telas, uma preocupação válida diante dos impactos que o tempo prolongado diante de dispositivos eletrônicos pode causar.
No entanto, a gamificação na educação não se resume à tecnologia. Ela pode estar presente em dinâmicas simples, com recursos físicos, jogos de tabuleiro, cartões, brincadeiras de pontuação ou trilhas de recompensas que ajudam a transformar a aprendizagem em algo divertido e prazeroso. Nessa abordagem, a criança participa ativamente do processo, superando etapas, resolvendo desafios e comemorando pequenas conquistas, como se estivesse dentro de um jogo.

Aprender brincando: uma linguagem natural da infância
O brincar é uma das principais formas de expressão e aprendizado das crianças. Desde cedo, elas exploram o mundo com curiosidade e imaginação, desenvolvendo habilidades cognitivas, motoras e sociais por meio das brincadeiras. A gamificação reconhece essa natureza da infância e a utiliza como uma ponte para o ensino, tornando o processo educativo mais acessível.
Na prática, as crianças são convidadas a aprender conteúdos como números, letras, emoções, regras de convivência e até questões ambientais ou de cidadania por meio de jogos com objetivos pedagógicos claros. Com isso, o aprendizado se torna mais leve, dinâmico e participativo.
Tecnologia com propósito
Quando utilizada com equilíbrio, a tecnologia também pode ser uma aliada nesse processo. Existem aplicativos e plataformas que oferecem jogos educativos voltados para a primeira infância, que respeitam o ritmo de aprendizagem e promovem interações seguras. Cabe aos educadores e às famílias avaliar o tempo de uso, o conteúdo oferecido e a função que esse tipo de recurso cumpre na rotina da criança.
Mais importante do que proibir ou liberar o acesso aos jogos digitais, é entender o contexto em que eles são utilizados. Jogos que promovem a resolução de problemas, a cooperação, a memória ou a criatividade podem, sim, contribuir positivamente para o desenvolvimento infantil.
Gamificação como aliada na educação
A Fundação Abrinq reconhece o brincar como um direito essencial e defende que toda estratégia educacional voltada à infância deve respeitar as fases do desenvolvimento das crianças.
A gamificação, quando bem conduzida, não apenas desperta o interesse das crianças, como também fortalece habilidades importantes para a vida em sociedade: resiliência, trabalho em equipe, empatia, criatividade e capacidade de lidar com desafios. Incorporar esses elementos ao cotidiano da educação infantil é uma forma de valorizar o potencial das crianças e tornar a aprendizagem uma experiência mais divertida.