Notícias

Conheça a importância de manter a vacinação das crianças em dia

01/11/2021
Conheça a importância de manter a vacinação das crianças em dia

As vacinas são fundamentais para prevenir doenças, pois estimulam a produção de anticorpos contra vírus e bactérias causadoras de doenças graves. Dessa maneira, ao tomar uma vacina, se induz uma proteção antes de ter contato com qualquer ameaça ao organismo.

A vacinação infantil é uma etapa fundamental para o desenvolvimento saudável de todas as crianças, é obrigatória no Brasil, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o não cumprimento dessa obrigação pode acarretar em penalidades, por exemplo, a suspensão de benefícios como o Bolsa Família. 

Dados do Ministério da Saúde indicam que a cobertura vacinal contra doenças que assolaram o país em outras décadas vem sofrendo uma queda significativa e já alcançou os índices dos anos de 1980. A redução já despertava a atenção antes mesmo da pandemia, mas a situação dá sinais de ter se agravado em meio a ondas de desinformação surgidas no combate à COVID-19.

Apesar de gratuita, segura e eficaz, a imunização ficou em apenas 75% (o ideal são taxas sempre acima de 90%) no ano passado, acentuando uma queda que vinha desde 2015 e que abre as portas para que doenças já controladas e até erradicadas do país retornem.

Fonte: Ministério da Saúde/DataSUS • Tuberculose, Poliomelite, Rotavírus, Pentavalente, Pneumonia, Meningite, Tríplice Viral D1, Hepatite A e Hepatite B
Fonte: Ministério da Saúde/DataSUS • Tuberculose, Poliomelite, Rotavírus, Pentavalente, Pneumonia, Meningite, Tríplice Viral D1, Hepatite A e Hepatite B

Para esclarecer as principais dúvidas sobre os benefícios da vacinação e comentar sobre o problema da queda na cobertura vacinal, a Fundação Abrinq conversou com o médico Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Qual a importância da vacinação para a criança?

As vacinas foram responsáveis, nas últimas décadas, pelo aumento de 30 anos na expectativa de vida. As taxas de mortalidade infantil que eram acima de 20% reduziram para níveis próximos a um dígito, em boa parte do Brasil, graças a duas iniciativas importantes: água potável e vacinação. Depois da água potável, nenhuma outra intervenção teve tanto impacto quanto as imunizações tiveram: salvam vidas, reduzem hospitalizações e sequelas de doenças. 

Não há dúvida quanto aos benefícios da vacinação para qualquer doença que possamos considerar, mesmo as mais letais, como a pneumonia, meningite, diarreia e hepatite. A vacinação reduz a mortalidade infantil, aumenta a expectativa de vida e oferece mais condições de crescimento e desenvolvimento.

O nível de segurança das vacinas é alto?

Quando uma nova vacina é licenciada, ela é testada por meio de estudos controlados em poucas crianças e depois, conforme vai se expandindo o uso, a vigilância pós-licenciamento e monitoramento são contínuos para garantirem a segurança da vacina.

São dois aspectos que temos que levar em conta na vacinação: a sua eficácia protetora, ou seja, o impacto que ela tem na redução da doença, e a segurança. Ela tem que trazer o benefício para a população, em qualquer idade.

Não se justifica termos vacinas que não sejam seguras e que tragam mais riscos do que benefícios e nenhum programa do mundo vai disponibilizar uma vacina à sua população cujos riscos dos efeitos colaterais sejam maiores do que os benefícios. A vacina pode dar reação, mas o benefício da prevenção da doença certamente é muito superior e os efeitos colaterais associados a elas, que chamamos de efeitos adversos, são raros, passageiros, transitórios e não se comparam aos benefícios da prevenção das doenças.

Quais as principais razões que levaram à queda da cobertura vacinal?

Em 2020, esta queda ocorreu muito em função da pandemia. Mas a cobertura vacinal já vinha em baixa nos últimos anos, em decorrência de vários fatores. Alguns estudos estão sendo feitos para, se descobrirem as causas da não adesão da população, termos informações mais concretas e menos impressões sobre o assunto. 

A maioria dos especialistas entendem que, entre as causas principais, estão o calendário vacinal cheio, horários pouco flexíveis para atenderem a população que não consegue faltar ao trabalho para levar a criança ao posto de vacinação, questões de acessibilidade e as fakenews.

É preciso também entender toda a diversidade e complexidade que é o Brasil: o motivo de não se vacinar uma criança nos Jardins, em São Paulo – SP, não é o mesmo da população de um município ribeirinho do estado do Amazonas, ou de uma cidade do norte da Paraíba. É necessário abordar essas diferentes causas com diferentes estratégias.

O que pesa, ao meu ver, nesta queda da taxa de imunização no país, é a baixa percepção de risco. O fato das doenças terem sido erradicadas no Brasil, faz com que a população se sinta menos ameaçada por elas e a motivação para se vacinar acompanha tudo isso. As pessoas não convivem mais com o temor de décadas passadas, de acordar e ver o seu filho muito febril, ou paralisado, ou de ter tido alguém da família vítima de sarampo ou da coqueluche. Se conhecessem ou tivessem informações sobre a doença, com certeza, todos esses obstáculos seriam superados.

Por trás de todas estas dificuldades, de todo esse convencimento, tem o grande desafio que é o de motivar as pessoas a se vacinarem, mesmo não se sentindo ameaçadas, não convivendo mais com estas doenças.

O retorno do sarampo, por exemplo, que reapareceu após anos de erradicação. As fakenews contribuíram para isso?

As fakenews, realmente, não ajudam. Mas este não é o nosso grande problema. Sem dúvida, o desconhecimento de que se não se vacinar estas doenças podem retornar e a desinformação com relação a algumas vacinas específicas, como por exemplo, a da COVID-19 e a do HPV, estas sim, tiveram muitas fakenews a respeito. Mas, no geral, para as vacinas de rotina, esta desinformação tem surtido pouco efeito. As fakenews exercem mais efeito nas vacinas mais recentes.

O ser humano costuma buscar informação ou prevenção quando se sente ameaçado. Observamos muito este comportamento com a vacina da gripe. Nas temporadas em que o vírus da gripe é mais forte, a procura pela vacina é muito maior. Volto a dizer, o que move as pessoas a procurarem uma vacina, é a percepção de risco.

Outras doenças podem retornar em razão da queda da cobertura vacinal?

Sim. Rubéola, paralisia infantil, difteria, são doenças que podem retornar à medida que as coberturas fiquem baixas. Este é o receio. O sarampo foi o primeiro a retornar, pois a elevada transmissibilidade deste vírus, em um cenário de baixa cobertura vacinal, faz com que ele seja o primeiro a ressurgir. Mas é preocupante exatamente para todas estas doenças.

Em relação à COVID-19, a vacina da Pfizer/Biontech está sendo aplicada em adolescentes de 12 a 18 anos. Há uma previsão para a vacinação, ainda este ano, das crianças menores de 11 anos? 

A Pfizer/Biontech apresentou em outubro, nos Estados Unidos, a vacina para a faixa etária de crianças de 5 a 11 anos. Uma formulação um pouco menos concentrada e que utiliza um terço da dose nesta população. No Brasil, devemos ter liberada a extensão da bula da própria vacina para crianças a partir dos 5 anos, no mês de novembro. 

Outras vacinas que estão sendo estudadas também são a da Janssen Farmacêutica, da Moderna e a Coronavac que está sendo utilizada no Chile para crianças a partir dos 6 anos de idade. Em breve, devemos ter outras vacinas da COVID-19 licenciadas para a população pediátrica.

Veja aqui o calendário completo de vacinação infantil do Ministério da Saúde e, agora que você sabe mais sobre a importância da imunização, mantenha as crianças protegidas. 

Acompanhe a Fundação Abrinq nas redes sociais