
O trabalho infantil é uma violação dos direitos humanos que compromete o desenvolvimento físico, psicológico e educacional de crianças e adolescentes. De forma objetiva, ocorre quando crianças e adolescentes, com idade inferior à permitida pela legislação, são inseridos no mercado de trabalho e passam a desempenhar atividades que podem prejudicar sua saúde, segurança, educação e lazer.
No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelecem que é proibido o trabalho para menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Além disso, qualquer trabalho considerado perigoso, insalubre ou que comprometa o desenvolvimento físico, mental, moral ou social de crianças e adolescentes é classificado como uma das piores formas de trabalho infantil, conforme a Convenção nº 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada pelo Brasil.

Quais são as principais causas do trabalho infantil?
O trabalho infantil é um fenômeno multifatorial. As principais causas incluem:
• Pobreza e desigualdade social: muitas famílias, em situação de vulnerabilidade, recorrem ao trabalho precoce como fonte complementar de renda;
• Falta de acesso à educação de qualidade: crianças fora da escola ou com baixo rendimento escolar têm maior probabilidade de ingressar precocemente no mercado de trabalho;
• Cultura e tradição: para algumas pessoas, o trabalho infantil é socialmente aceito e, por vezes, considerado parte do processo de formação e amadurecimento;
• Falta de fiscalização: a ausência ou fragilidade dos mecanismos de proteção social e de fiscalização das leis trabalhistas facilita a exploração do trabalho infantil.
Quais são as consequências do trabalho infantil?
As consequências do trabalho precoce podem deixar marcas para toda a vida. Entre os principais impactos, destacam-se:
• Prejuízo ao desenvolvimento educacional: o trabalho precoce interfere negativamente no rendimento escolar e aumenta as taxas de evasão;
• Comprometimento da saúde física e mental: muitas atividades exercidas por crianças são insalubres ou perigosas, podendo causar acidentes, doenças ocupacionais e traumas psicológicos;
• Reprodução do ciclo de pobreza: ao abandonar a escola para trabalhar, as crianças têm menos oportunidades de qualificação profissional, perpetuando a situação de vulnerabilidade socioeconômica;
• Violação de direitos: o trabalho infantil compromete direitos fundamentais como o direito à educação, ao lazer, à convivência familiar e comunitária, e à proteção integral.
Situação do trabalho infantil no Brasil
Apesar dos avanços nas políticas públicas de proteção à infância, o trabalho infantil ainda é uma realidade preocupante no Brasil. De acordo com os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 1,6 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos estão em situação de trabalho infantil no país.
O que pode ser feito para combater o trabalho infantil?
O combate ao trabalho infantil exige esforços em diversas frentes:
• Fortalecimento das políticas públicas: é necessário investir em programas sociais que reduzam a pobreza e ampliem o acesso à educação de qualidade;
• Fiscalização e aplicação da lei: garantir que os órgãos competentes atuem na fiscalização de ambientes de trabalho e na responsabilização dos empregadores;
• Campanhas de conscientização: informar a sociedade sobre os riscos e as consequências do trabalho infantil é essencial para mudar mentalidades e práticas;
• Apoio às famílias: oferecer suporte social e econômico para que as famílias possam garantir o sustento sem recorrer ao trabalho precoce dos filhos.
A atuação da Fundação Abrinq
A Fundação Abrinq, por meio de seus programas e projetos, atua para fortalecer organizações da sociedade civil, coletivos e redes que enfrentam o trabalho infantil em diversas regiões do Brasil. Além disso, desenvolve ações de advocacy, articula parcerias e apoia iniciativas que promovem a proteção integral da infância e da adolescência.